Estadão

Maioria das Bolsas da Europa fecha em queda com cenário de risco de inflação

Os mercados acionários da Europa fecharam na maioria em queda nesta quarta-feira, 1º de março, sendo que, inicialmente, as bolsas foram apoiadas em bloco pelo otimismo com a economia da China, após dados animadores da manufatura da segunda maior economia do mundo. No entanto, ao longo do pregão, o sentimento de risco foi prejudicado pela inflação ao consumidor (CPI) da Alemanha e pelas quedas em Nova York, causadas por indicadores de índices de gerentes de compras (PMI) e sinalizações de mais aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Pesquisa oficial mostrou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês avançou para 52,6 em fevereiro, atingindo o maior nível desde abril de 2012. Além disso, o ministro de Finanças do país, Liu Kun, prometeu impulsionar os gastos fiscais para fortalecer a economia.

"Depois de uma leitura positiva na Ásia com base nos números do PMI chinês, os mercados europeus inicialmente mantiveram a leitura otimista, recuperando-se fortemente com recursos básicos e industriais desfrutando de alguns ganhos sólidos, o que está ajudou o FTSE 100", destaca a CMC Markets.

Dessa forma, o índice londrino subiu 0,49%, a 7.914,93 pontos, com Rio Tinto (4,64%), Antofagasta (4,43%) e Glencore (3,44) apresentaram ganhos sólidos devido ao aumento dos preços do cobre e de outros metais.

Na Europa, por outro lado, os PMIs industriais seguem abaixo de 50, o que sinaliza contração da manufatura. Já na Alemanha, o CPI subiu 8,7% em fevereiro, acima da expectativa de 8,5%.

O ING considera que "a pressão inflacionária está longe do fim" na Alemanha e que nesse quadro o Banco Central Europeu (BCE) continuará a elevar os juros nos próximos meses, sem considerar cortes futuros nas taxas, com uma alta de 50 pontos-base em março precificada.

Dirigente do BCE, Joachim Nagel disse nesta quarta que a instituição poderá ter de implementar mais altas significativas de juros depois da reunião de política monetária deste mês. Por outro lado, a CMC Markets destaca que comentários "dovish" do governador do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, ajudaram o FTSE 100. Bailey disse que "mais alguma alta nos juros pode se mostrar apropriada, mas nada está decidido".

Nos EUA, o PMI industrial subiu de 47,4 em janeiro para 47,7 em fevereiro, porém o subíndice de preços subiu de 44,5 em janeiro para 51,3 em fevereiro.

Para a Capital Economics, a forte recuperação do índice de preços é uma preocupação, pois sinaliza que a resiliência econômica recente está exercendo pressão renovada sobre a inflação.

Mais cedo, presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que a instituição terá que elevar juros entre 5% e 5,25% e mantê-los ali até 2024. Já o dirigente da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari, defendeu que as altas de juros devem continuar, e que um pouso suave não é garantido.

O índice DAX, em Frankfurt, seguiu o movimento majoritário e fechou em baixa de 0,39%, a 15.305,02 pontos. O CAC 40, em Paris, cedeu 0,46%, a 7.234,25 pontos, e o FTSE MIB, em Milão, fechou em queda de 0,59%, a 27.315,08 pontos. Já em Madri, o índice Ibex 35 caiu 0,76%, a 9.322,90 pontos. Por fim, na Bolsa de Lisboa, o PSI 20 caiu 1,44%, a 5.969,73 pontos. As cotações são preliminares.

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