Quatorze indicados a integrar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados receberam recursos financeiros para campanhas eleitorais de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. O corregedor parlamentar Carlos Manato (SD-ES) também recebeu doações no ano passado.
Dos nomes que já figuram como componentes do Conselho estão os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Cacá Leão (PP-BA), Mauro Lopes (PMDB-MG) e Washington Reis (PMDB-RJ). Do bloco liderado pelo PMDB, só Lázaro Botelho (PP-TO) não recebeu recursos das empreiteiras Engevix, Odebrecht, UTC, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
No bloco parlamentar encabeçado pelo PT, José Carlos Araújo (PSD-BA), Leo de Brito (PT-AC), Sérgio Brito (PSD-BA) e Zé Geraldo (PT-PA) receberam ajuda financeira no pleito de 2014. Dos indicados até o momento, só Valmir Prascidelli (PT-SP) não recebeu doações de empreiteiras.
Todos os indicados do bloco liderado pelo PSDB receberam ajuda das empreiteiras, entre eles Betinho Gomes (PSDB-PE), Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) e Sandro Alex (PPS-PR). Marcos Rogério (PDT-RO), candidato à presidência do colegiado há dois anos, também recebeu doações.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a instalação do colegiado na próxima quarta-feira, 11. Dos 21 componentes, 16 titulares já foram confirmados pelos partidos. Doze suplentes não foram oficializados ainda.
Os deputados envolvidos na Operação Lava Jato tendem a ser submetidos ao colegiado assim que a lista da Procuradoria-Geral da República for divulgada oficialmente. As representações no Conselho são apresentadas por partidos políticos.
Nesta semana, Cunha disse que ninguém poderia ser colocado em suspeição e que todos os deputados poderiam integrar o colegiado. “É claro que ele (parlamentar arrolado na Lava Jato) não vai ser relator de nenhum processo em relação a esse assunto. Para mim, não vejo nenhuma dificuldade. Quem está aqui é igual a todo mundo”, afirmou o peemedebista. O peemedebista disse que o Conselho vai analisar a questão da quebra do decoro parlamentar “sem interferência” externa.