Estadão

Mais alguma alta nos juros pode ser apropriada, afirma presidente do BC inglês

O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou nesta quarta-feira que "mais alguma alta nos juros pode se mostrar apropriada, mas nada está decidido". Durante discurso em evento sobre "a crise no custo de vida" do Brunswick Group, ele disse que os próximos dados darão um quadro geral da economia e da perspectiva para a inflação, a fim de balizar as próximas decisões de política monetária. O dirigente disse que seria cauteloso tanto em dizer que os juros devem subir mais quanto em afirmar que as altas já acabaram.

Bailey reconheceu que o quadro atual é difícil, com alta significativa recente em itens importantes, como energia e alimentos. Mas também argumentou que uma política relaxada do BoE significaria mais inflação doméstica, o que pioraria o quadro. A inflação ao consumidor "segue muito elevada" no quadro atual e o BC britânico continua comprometido com sua meta de levá-la a 2%, acrescentou.

Em parte do discurso, Bailey tratou especificamente dos preços de energia. Ele recordou o avanço recente nesse segmento, por questões como a guerra da Rússia na Ucrânia, e ainda notou que não espera que a energia recue a preços anteriores a esse choque no futuro próximo.

Ao analisar as informações disponíveis na reunião de fevereiro do BoE, Bailey considerou que a economia se comportava conforme esperado. "A inflação estava levemente mais fraca, e a atividade e os salários levemente mais fortes, embora eu enfatize o levemente nos dois casos", afirmou, e lembrou que haverá mais indicadores antes da próxima decisão do BC, ainda neste mês.

Entre os choques para a economia do Reino Unido, Bailey mencionou a mudança na relação comercial com a União Europeia, com o Brexit, a pandemia da covid-19 e gargalos associados nas cadeias de produção global, além da "forte alta nos preços globais de energia", diante da guerra russa. Ele acredita que as contas de energia não devem cair aos níveis anteriores no futuro próximo. "Haverá algum alívio, mas as contas de energia seguirão um desafio para muitas pessoas, em particular para as de mais baixa renda."

Com choques externos à economia britânica, "não há saída fácil", admitiu, mas para enfatizar a necessidade de controlar a inflação local, a fim de não piorar o quadro. O mercado de trabalho do país, além disso, segue "apertado", e este continua a ser elemento importante na política monetária. "E se fizermos pouco com as taxas de juros agora, teremos de fazer mais depois", afirmou, comprometendo-se de qualquer modo a calibrar a política monetária com cuidado para atingir a meta de inflação de modo sustentável.

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