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Mais produção, mais empregos

Ao longo dos 35 anos de vida como industrial e nestes 20 no mundo da política, não é difícil identificar alguns problemas comuns nas diferentes esferas da administração pública, que afetam diretamente a vida das pessoas. Os governos, das mais diferentes tendências, têm como principais ações arrecadar cada vez mais e gastar, seja em investimentos em áreas importantes, como também em ralos, quase insanáveis, evidentes a cada escândalo que envolve os altos escalões dos governos.


Faltam ações voltadas ao desenvolvimento, que incentivem de forma real os setores produtivos, que podem sim – devidamente valorizados – gerar riquezas ao país e auxiliar na distribuição de renda a todas as camadas da população. E isso ocorre por um motivo muito simples. Não existem nos governos ações coordenadas, tocadas por profissionais especializados, que possam apresentar formas inteligentes de produzir mais, aumentando a arrecadação, porém sem penalizar em demasia a iniciativa privada e, por consequência, os trabalhadores.


Muitas vezes, as pessoas entendem que a defesa da indústria é algo elitista, voltada apenas ao enriquecimento de poucos. Na verdade, quando se pede mais atenção ao setor produtivo, o objetivo é exatamente a preservação e a geração de empregos e renda para muitos. Quando se dá condições, por exemplo, de uma fábrica produzir mais e melhor, sem tantas onerações com tributos a perder de vista, naturalmente ela vai abrir vagas de trabalho, irá oferecer melhores salários, entre outros benefícios sociais. Ganham todos.


Hoje, em muitos casos, sai mais barato importar produtos de países distantes, onde a carga tributária é infinitamente menor, do que produzir no Brasil. A gente continua vendendo a preço de banana o minério de ferro para a China e trazendo de volta os carros prontos. Em vez de abrir vagas de trabalho aqui, o Brasil patrocina o emprego nos países asiáticos, dentro de uma lógica perversa.


Como as administrações públicas têm certa fixação de somente arrecadar mais, inevitavelmente caem no lugar comum de ficar criando novos impostos que acabam recaindo sobre a população. Se houvesse uma atenção maior, a partir do estabelecimento de metas, com políticas voltadas à produção, seria possível aumentar de forma natural a arrecadação, já que se produziria mais, e haveria muito mais dinheiro para a União, Estados e Municípios investirem em áreas sociais. Parece algo tão óbvio, mas impressionantemente não é visto pela maioria das administrações. 


Carlos Roberto de Campos
Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras.

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