Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Madis Muller afirmou nesta sexta-feira, 3, ser "mais provável" que a alta de 50 pontos-base já indicada para a reunião de março da instituição não seja a última. Em discurso, a autoridade disse ainda ser "muito possível" que as taxas de juros "tenham de seguir elevadas por um bom tempo, para que possamos garantir que a inflação retorne e permaneça perto de 2%", a meta do BCE.
Muller comentou que o índice cheio da inflação recuava no fim do ano passado, sobretudo graças ao setor de energia.
"Mais preocupante, porém, é que o núcleo da inflação seguiu persistentemente elevado, em mais de 5%, conforme as pressões de preços subjacentes ainda não recuavam", acrescentou o membro do conselho do BCE.
O dirigente defendeu um foco em efeitos secundários da inflação, e em evitar que grandes saltos temporários dos preços, como os vistos em energia e alimentos, contaminem outros preços da economia, os custos com trabalho e as expectativas inflacionárias.
Caso isso ocorresse, poderia haver uma espiral de altas nos preços salariais, o que impediria a inflação de recuar de volta à meta de médio prazo após os choques temporários perderem força, advertiu.