O HOJE publica nesta semana, desde ontem, uma série de reportagens assinadas pelo repórter Wellington Alves, que tratam de diferentes questões em relação à violência contra a mulher. O objetivo deste material é trazer à tona uma discussão que muita gente prefere fechar os olhos: as mulheres são grandes vítimas da violência em nossa cidade, apesar de todas as leis existentes e dos esforços promovidos pelas autoridades e entidades ligadas ao tema.
Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Guarulhos registra um estupro por dia. Isso é grave demais. Entre janeiro e abril deste ano as delegacias locais elaboraram 118 boletins de ocorrência. Fora os casos que passam longe das estatísticas oficiais, já que não são levados às autoridades, por uma série de fatores, que passam necessariamente por questões culturais. Conforme revela a reportagem, nem todos os casos foram por conjuração carnal entre homem e mulher, contudo, a estimativa é que a maioria tenha acontecido desta forma. Existem muitas histórias de estupros praticados pelos próprios namorados ou maridos em relações sexuais forçadas. Esses, dificilmente, são levados às delegacias.
Especialistas concordam que o número de estupros deva ser bem superior. Só vão às delegacias prestar queixas mulheres que tiveram coragem de denunciar a agressão. Estima-se que uma grande quantidade de vítimas não chega a registrar boletim de ocorrência por medo dos autores. Ou até mesmo por ficarem marcadas pela sociedade ou ainda com receio do tratamento que podem receber nas delegacias. Por isso, hoje existe um trabalho da Delegacia da Mulher que busca compreender as vítimas, tentando recuperar – à medida do possível – a auto-estima sempre abalada nestes casos.
A série de reportagens prossegue com outro tema que ainda é tabu para muita gente: a violência doméstica. São casos em que as mulheres são agredidas ocasional ou habitualmente por seus parceiros ou por familiares. Neste caso, também existe muita resistência em denunciar os agressores que – via de regra – dormem aos seus lados. O caso mais emblemático – o assassinato da advogada Mércia Nakashima – completa um ano, com o principal suspeito pelo crime, o ex-namorado, ainda livre.
Até o final da semana, o HOJE trará mais subsídios ainda no sentido de alertar as autoridades mas também a própria sociedade em relação a uma verdadeira guerra, que ocorre dentro dos lares.