A edição 2019 de Roland Garros terá início neste domingo com um retorno de peso e uma aparência mais agradável em seu acanhado complexo. Apesar do favoritismo do espanhol Rafael Nadal, será Roger Federer quem deve concentrar as atenções da imprensa e dos fãs no saibro de Paris nos próximos dias. Ele estreará contra o italiano Lorenzo Sonego por volta das 11 horas deste domingo.
Campeão em 2009 e dono de quatro vice-campeonatos, o suíço não compete no Grand Slam francês desde 2015, quando foi eliminado nas quartas de final. O atual número três do mundo voltou ao torneio ao resolver dar uma nova chance ao saibro, superfície em que vinha sofrendo nas últimas temporadas.
Em 2016, ele ficou de fora devido a problemas físicos. E, nas duas temporadas seguintes, optou por não disputar competições no saibro. Seu objetivo era aumentar a preparação para a temporada de grama, que tem Wimbledon como foco, sua maior meta no ano. A estratégia deu certo em 2017, ao levantar o troféu em Londres. Mas não na temporada passada.
Neste ano, Federer surpreendeu ao voltar à terra batida. Para muitos, trata-se de uma gira de despedida no saibro. Ainda sem falar sobre aposentadoria, ele deve se concentrar nas quadras mais rápidas nas próximas temporadas, enquanto estiver na ativa. Seu retorno ao saibro começou em Madri, quando parou nas quartas de final. Em Roma, abandonou após vencer nas oitavas, em razão de dores na perna direita.
Na capital francesa, ele garantiu estar bem fisicamente. “Estar saudável é o grande segredo neste momento da minha carreira”, diz Federer. “Estou muito satisfeito em ver como o meu corpo tem reagido nos últimos tempos.”
Roland Garros tem importância histórica para o suíço. Foi nas quadras de Paris que iniciou sua trajetória bem-sucedida nos Grand Slams, ainda em 1999. Vinte anos depois, Federer é o único tenista daquela chave de 128 jogadores que entrará em quadra nesta edição do torneio. Na época, tinha apenas 17 anos e entrara na competição por convite.
“Muita coisa mudou desde então”, atesta o suíço, que se tornou o recordista de títulos de Grand Slam, com 20 troféus. “Minhas memórias vão longe. Eu lembro vividamente da rivalidade entre Martina Hingis e Steffi Graf. Ela tinha a minha idade, mas fazia coisas que eu não conseguia ainda. Era como seu eu ainda estivesse de fraldas”, brinca.
Em seu reencontro com Roland Garros, Federer já foi surpreendido pela nova etapa da reforma que vem modernizando o complexo desde 2016. A quadra central, a famosa Philippe Chatrier, foi praticamente toda reconstruída. Restou apenas o saibro. As arquibancadas ganharam curvas em uma estrutura reforçada para receber o teto retrátil para a edição 2020.
“Esta é a primeira vez que estou nesta sala”, diz Federer, referindo-se à nova sala de imprensa do complexo. “A quadra central parece muito diferente. Mesmo assim, ainda parece o velho Roland Garros. Manteve o seu bom gosto e tudo. Estou muito feliz por estar de volta.”
Além disso, os arredores da Philippe Chatrier se tornaram mais verdes, com destaque para a nova quadra Simonne-Mathieu, construída em meio a quatro estufas em uma área “anexada” pelo torneio. A nova estrutura gerou polêmica e até ações na Justiça pela localização no Jardins des Serres, área arborizada na área central de Paris e com construções históricas. Para 2021, nova polêmica deve ser causada pelos futuros jogos noturnos.
FAVORITOS – Federer corre por fora na disputa pelo título que deve se concentrar entre Nadal, vice-líder do ranking e dono de 11 troféus em Paris, e o sérvio Novak Djokovic, campeão em 2016 e atual número 1. O austríaco Dominic Thiem, vice no ano passado, também deve brilhar na competição.
No feminino, a japonesa Naomi Osaka, atual líder do ranking, será testada numa superfície em que não costuma se destacar. Assim, a romena Simona Halep, atual campeã, surge com uma das fortes favoritas. As checas Petra Kvitova e Karolina Pliskova e a norte-americana Serena Williams, voltando de lesão, correm por fora.
BRASILEIROS – O País será representado por Thiago Monteiro na chave de simples. Rogério Dutra Silva caiu no qualifying, Thomaz Bellucci está machucado e Beatriz Haddad Maia abandonou por lesão na tentativa de entrar na chave principal. As apostas nacionais estão nos duplistas mais uma vez. Bruno Soares jogará ao lado do parceiro britânico Jamie Murray, Marcelo Melo estará com o polonês Lukasz Kubot e Marcelo Demoliner vai formar parceria com o indiano Divij Sharan.