Estadão

Manda quem pode, obedece quem tem esposa, diz Bolsonaro a evangélicos no Rio

Em evento das Assembleias de Deus de Madureira, neste sábado, 10, à tarde na Arena da Juventude, na zona oeste do Rio, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), criticou o que chamou de "desconstrução da heteronormatividade" e disse quem "manda quem pode, obedece quem tem esposa".

Ele saudou o pastor Abner, anfitrião do evento, de forma jocosa: "Sabemos que manda quem pode, obedece quem tem esposa. Se alguém diz o contrário, não é um homem feliz."

Contudo, sua esposa, Michelle, não foi vista na Arena da Juventude durante o evento, tampouco na saída.

O presidente criticou a pauta de costumes, classificando como "ameaça" tópicos relacionados à suposta "ideologia de gênero". "Qual mãe aqui ficaria tranquila, sabendo que sua filha, na escola, de 10 anos, ao entrar no banheiro, pode encontrar um moleque de 13, 14, 15 anos também ocupando o mesmo banheiro?".

E prosseguiu: "Qual mãe, qual pai, ao mandar seu filho para a escola, atrás de conhecimento, e ver que ele está sendo educado – entre aspas – para daí a poucos anos ser homem ou ser mulher. Crianças a partir de 5 ou 6 anos de idade."

Na crítica à "desconstrução da heteronormatividade", Bolsonaro citou um projeto de lei que foi aprovado na Câmara em 2010 e, segundo ele, propunha cadeia a pastores e padres que se recusassem a realizar casamento de pessoas do mesmo sexo. "Em 2010, aprovou-se um projeto de lei na Câmara, que visava botar na cadeia padres ou pastores que se negassem a realizar o casamento de dois seres humanos do mesmo sexo. Foi uma briga muito grande, só vencida no Senado Federal", disse.

<b>Aborto</b>

À plateia reunida, o presidente fez uma fala focada em costumes. "Tem muitos grupos que defendem o aborto, que relativizam como uma extração de dente", disse aos presentes. "Não quer mais ir ao dentista, arranca. Vai no médico e aborta."

Com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro – que lidera a corrida pelo governo do Estado – entre os convidados no evento evangélico, Bolsonaro abordou também o debate sobre descriminalização de drogas. "Temos também grupos por outro lado que fala em liberar as drogas. Esse grupo não sabe o que é o sofrimento de uma mãe com filho no mundo das drogas."

Castro tem, como principal opositor na corrida pelo Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, o deputado Marcelo Freixo, que foi questionado sobre o tema nas sabatinas desta corrida eleitoral.

O governador, que é católico, também participou do evento a convite de Bolsonaro, como contou.

Bolsonaro encerrou sua participação no evento e, conforme a assessoria de imprensa, seguiu para Brasília sem falar com a imprensa.

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