A possibilidade de a Globo produzir uma série sobre o assassinato de Eliza Samudio, pelo qual o goleiro Bruno, então jogador do Flamengo, foi preso em 2010, incomoda a mãe de Eliza, Sonia Moura.
"Existe a conversa de que vão fazer. Mas, até então, ninguém me procurou. Ninguém da Globo. Mesmo que procure, está fora de cogitação isso aí. Eu não vou permitir que eles façam essa série", afirmou Sonia ao <b>E+</b> nesta sexta-feira, 10.
"Em vez de a Globo fazer essa minissérie, por que não faz um programa investigativo para saber, realmente, que destino eles deram para o corpo da Eliza?", questionou.
Atualmente, a mãe de Eliza Samudio vive em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com o neto, que cria desde os quatro meses de idade, quando sua mãe foi morta, e está prestes a completar 10 anos.
"Gostaria que as pessoas tivessem mais empatia. Respeitassem mais. Independente de tudo que aconteceu, o meu neto é a maior vítima disso tudo. É uma coisa que ele vai carregar por toda a vida dele", afirma.
A avó, que teme que o neto possa sofrer bullying na escola caso a série vá ao ar, conta como lida com a delicada questão: "A psicóloga me orientou a ir falando as coisas devagar. Ele descobriu que não poderia ver o pai porque estava preso. Depois, descobriu que o responsável pela morte da mãe era o pai".
"De repente, a Globo consegue fazer uma série e expor isso num canal aberto. É difícil, né? Venho cuidando para que meu neto não tenha acesso a um monte de coisas disso que aconteceu, e, de repente, vai estar escancarado aos olhos dele. Como o psicológico dessa criança vai ficar? Já não tem mãe, não tem pai, e tem acesso a tudo isso", desabafa.
Sobre as recentes notícias envolvendo a contratação do goleiro Bruno para jogar em clubes de futebol, Sonia opina: "Meu sentimento é de revolta. Eu e meu neto até hoje não tivemos o direito de saber e enterrar a Eliza. E ele tem o direito de sair, de ir para onde quiser, viver a vida dele."
<b>Série da Globo sobre o goleiro Bruno</b>
A Globo, por enquanto, não confirma oficialmente a produção da série sobre o assassinato de Eliza Samudio, mas destaca que os direitos do livro Indefensável – O goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio foram adquiridos pela emissora.
"Compramos o direito, não só deste livro, mas de vários outros e de vários outros casos, pois existe o desejo de fazermos uma série sobre crimes. Não há, no entanto, nada desenvolvido, escrito, nem aprovado sobre nenhum dos casos possíveis", informou, por meio de sua assessoria.
A mãe de Eliza Samudio critica o conteúdo do livro: "põe a Eliza como uma prostituta, uma atriz pornô, interesseira, e o Bruno é retratado praticamente como um coitadinho."
"É a palavra dele contra ela, só que ela não estava aqui para se defender. Em relação ao filme adulto que ela fez, isso diz respeito a ela, a ninguém mais. A Eliza não foi a única pessoa desse mundo que fez isso. Vários artistas famosos já fizeram, e não se faz esse tipo de comentário", prossegue.
Em entrevista ao jornal <b>O Estado de S. Paulo</b> no último dia 16 de dezembro, a diretora Amora Mautner. foi questionada se teme, de alguma forma, que a produção de uma série sobre o goleiro Bruno acabe por "glamourizar" a figura de um criminoso.
"Penso muito para não passar nenhuma ideia errada. Tomo um cuidado extremo com isso", afirmou.
A possibilidade de a produção ser levada em frente também gerou críticas da autora de novelas Gloria Perez. "Só pode ser piada! E de mau gosto!", afirmou.