Uma mãe, de 37 anos, registrou na tarde de terça-feira, 28, na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), uma ofensa sofrida por suas filhas gêmeas no metrô de Salvador, capital da Bahia. O caso, ocorrido no último sábado, 25, foi tipificado como crime de injúria racial.
Em entrevista ao <b>E+</b>, a mãe conta que as crianças, de três anos, foram chamadas por um segurança da estação de "bucha um e bucha dois".
A mulher e as meninas voltavam para casa depois de um passeio, por volta das 18h30, quando passaram pelas catracas da estação Rodoviária e avistaram três seguranças, um branco e dois negros. O homem branco, ao avistar as garotas, gritou: "Misericórdia. Bucha um e bucha dois". Em seguida, começou a dar risada.
As meninas, perceberam que o comentário era para elas. Uma perguntou o que era "bucha" e a outra entendeu que o homem se referia ao cabelo delas. A mãe ficou sem reação no momento e entrou no vagão do trem, mas voltou para procurar o funcionário do metrô.
"O homem que ofendeu não estava mais lá. O outro que estava junto pediu desculpa, disse que o colega de trabalho estava brincando. Aí o superior deles veio e pediu desculpa em nome da CCR empresa responsável pela linha de metrô", diz a mulher.
"Depois, fui abordada por uma segurança na estação Retiro, que pediu meu telefone, dizendo que a coordenação da CCR ia ligar. Até agora não ligou", completa.
A mãe conta que as crianças se sentiram mal com a situação. "Ficaram um pouco inseguras, querendo prender o cabelo, passar creme. Falei para elas que elas devem se aceitar como são", conta a mãe.
<b>Resposta do metrô</b>
Ao <b>E+</b>, a CCR Metrô Bahia informou, por nota, que repudia atitudes racistas ou discriminatórias de qualquer natureza e que isso "norteia o trabalho diário de todos os colaboradores". A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela "valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero".
Questionada pela reportagem sobre quais medidas tomará com o segurança, a CCR não respondeu. A Dercca instaurou inquérito para apurar o crime de injúria racial.
Leia na íntegra a nota do grupo CCR:
"<i>A CCR Metrô Bahia esclarece que repudia atitudes racistas ou discriminatórias, de qualquer natureza, premissa que norteia o trabalho diário de todos os seus colaboradores. A opinião dos clientes é imprescindível para o aprimoramento de protocolos em busca da excelência do atendimento. Isso inclui a adequação dos treinamentos periódicos realizados junto aos Agentes de Atendimento, a fim de melhorar a prestação do serviço. A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero.</i>"