O GuarulhosWeb acompanhou o movimento desde o início em dois pontos de concentração: na praça Getulio Vargas e em frente a Igreja Matriz. Diferente da semana passada, quando já às 16h, milhares de pessoas se uniam por objetivos comuns, desta vez custou para que centenas se concentrassem nos dois locais a fim de dar partida aos protestos.
E eles não começaram bem. Ao chegar na praça Getulio Vargas era evidente uma certa partidarização do movimento, que nasceu evitando ao máximo o envolvimento dos partidos políticos. Mesmo sem exibir bandeiras, os líderes eram os mesmos que aparecem em atos do PSOL e PSTU, com bandeiras de grupos considerados mais radicais de sindicatos como Apeoesp e outros movimentos sociais, como sem-terras, entre outros. Até aí nada de mal.
Os gritos, faixas e cartazes davam cores ao movimento. Contra tudo e contra todos. Sem problemas também. Mas as pessoas comuns, que na semana passada foram acompanhadas por seus familiares, enchendo as ruas de verde e amarelo, com crianças a tiracolo, já se sentiam um pouco incomodadas com um certo ar profissional no movimento.
As notícias sobre a participação de filiados do PT e de comissionados da Prefeitura, como chegou a convocar de forma irresponsável o prefeito Sebastião Almeida, acuado pela manifestação anterior e conjunto de reivindicações locais, diante da série de problemas de sua administração, também deixaram muita gente com receio. Eles não apareceram. Mas, com certeza, afastaram pessoas de bem, que temiam qualquer tipo de conflito.
Uma cena chamou a atenção da reportagem. Um pequeno grupo, em um dos gramados da praça, à direito do coreto da Getúlio Vargas, cobria os rostos com lenços vermelhos. Já virou praxe nas manifestações pacíficas: quem é do bem não precisa se esconder. Coincidentemente (ou não) os mesmos rostos com lenços vermelhos estavam bem próximos dos dois ou três vândalos que quase duas horas após a saída, mesmo diante de toda a passividade do ato até ali, do nada, partiram para cima das grades que cercam a Prefeitura.
Ação e reação. Da mesma forma que a exceção tentou violar a regra, a regra foi para cima da exceção. Bombas de efeito moral e alguns tiros de borracha disparados pelos homens da Guarda Civil Municipal, que protegiam a Casa Branca. Lamentável. Quem era do bem e estava ali para protestar percebeu que não dava mais para continuar. Missão cumprida. "Estamos indo de volta pra casa". Quem não era, em meio ao contra tudo e contra todos, saiu perdido por aí em busca de mais confusão.
Alguns permaneceram no local – encapuzados ou com rostos cobertos por lenços vermelhos (lembram deles?) – e mostraram suas armas e porque vieram. Atiraram pedras em um grupo de repórteres que cobria essas sandices, hostilizaram a equipe da Rede Globo, como se a emissora fosse responsável por tanta coisa de errado. Quebraram, barbarizaram, danificaram. Esses não merecem crédito. Merecem o desprezo da população, da gente de bem.
Outro grupo ainda foi em direção à Dutra se juntar à centena que conseguiu parar o trânsito no início da noite desta sexta-feira, complicando o direito de ir e vir de milhares de cidadãos.
Na semana passada, havia o insólito, o inesperado, o novo. Desta vez, parar a Dutra não acrescentaria nada. E não somou. Apenas subtraiu.
Infelizmente, como é o próprio movimento que se espalha pelo país, que não tem lideranças ou tem líderes perdidos no tempo e no espaço, as palavras foram ao vento. Felizmente, por outro lado, há o sentimento comum na sociedade que do jeito que está não dá para ficar. Algumas vitórias vieram. Mas há muitas outras a vir. Como canta aquela torcida nas arquibancadas: "Não para, não para, não para…" Mas é necessário paz e serenidade.