Economia

Manifestantes contra governo Dilma retiram barracas em frente ao Congresso

Com briga entre manifestantes contrários e a favor do governo Dilma Rousseff, defensores do impeachment da presidente e entusiastas de intervenção militar foram retirados do gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional nesta noite.

Apesar de a retirada transcorrer de maneira pacífica por parte das polícias Militar e Legislativa, um grupo com cerca de vinte pessoas, acompanhado do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), chegou ao local enquanto era feita a desocupação. Gritos de “não vai ter golpe” desse grupo despertaram a atenção dos manifestantes. Rapidamente, um tumulto se iniciou, com gritaria e agressões. A Polícia Militar usou gás de pimenta para conter a briga. O deputado negou ter ido ao local para fazer uma provocação. “Viemos exercer a democracia”, argumentou.

Ao longo do dia, o clima no local foi de impasse. De um lado, integrantes dos movimentos Avança Brasil, Brasil Livre e Revoltados Online desmontaram pouco a pouco as barracas, instaladas há pelo menos um mês como forma de pressão para que o Congresso votasse o impeachment de Dilma. De outro, o grupo dos “intervencionistas” indicava que iria oferecer maior resistência.

“Só saímos com ordem judicial. A única coisa que recebemos até agora foi uma recomendação, feita oralmente”, disse um dos líderes do Movimento Patriota Nacional, Daniel Barbosa.

Segundo o secretário adjunto da Casa Civil do Distrito Federal, Igor Tokarski, não é permitida qualquer edificação na área sem a autorização do governo. Por precaução, as visitas ao Congresso foram canceladas neste fim de semana. O trânsito na via que dá acesso às Casas Legislativas também foi bloqueado.

Uma das turistas, simpatizante dos “intervencionistas”, discutia com o vendedor ambulante de sorvetes. “Esse lugar é do povo.” E ele rebatia: “Uma coisa é manifestar. Outra é tomar conta do lugar.” Manifestantes receberam, na noite de quinta-feira, o aviso de que teriam de deixar o local em 48 horas. A decisão foi tomada num acordo entre o governo do Distrito Federal, a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, logo após um confronto entre integrantes da CUT, do Movimento de Mulheres Negras e partidários do movimento pró-impeachment.

Ao todo, estavam no local montado pelos “intervencionistas” cerca de 50 pessoas. “Estamos aqui desde março. É um direito nosso protestar”, disse Barbosa, que chegou a Brasília há uma semana, depois de passar uma temporada em seu Estado, o Rio Grande do Sul.

Entre os integrantes do movimento pró-impeachment, o clima era de pragmatismo. “Teríamos de sair mais cedo ou mais tarde. Em dezembro, os trabalhos no Congresso terminam, não faria sentido ficarmos”, afirmou Charlo Ferreson. Cabeleireira, ela chegou do Rio há 15 dias para participar do protesto.

Ao final da operação, foram retiradas do local todas as barracas que abrigavam os manifestantes e um boneco inflável com a figura de um militar usando a faixa presidencial. Jovens chegaram a resistir nas barracas, mas foram carregados pelos policiais.

Marcelo Reis, fundador do Revoltados Online, disse que entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida de desocupação.

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