Economia

Mantega deixa conselho da Petrobras

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, assumiu provisoriamente o comando do conselho de administração da Petrobras, em substituição ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. A decisão foi tomada em reunião do colegiado, nesta quinta-feira, 26, em que também se discutiu a metodologia de perdas contábeis da estatal por conta da corrupção.

Apesar da grande expectativa, a reunião frustrou conselheiros independentes e o mercado por não apresentar novidades sobre as perdas por corrupção. Segundo fontes, a diretoria apenas mostrou a “evolução” dos cálculos, sem apresentar uma versão final da metodologia desenvolvida para registrar as perdas nos ativos com contratos suspeitos. Os conselheiros discutiram também um calendário de elaboração do relatório. A próxima reunião está prevista para o dia 17 de abril.
A única decisão comunicada foi a substituição no comando do colegiado. Luciano Coutinho foi escolhido para o cargo por “maioria”, o que indica que não houve consenso entre os conselheiros. Ele atua no órgão desde 2007, eleito pelo governo. O BNDES tem cerca de US$ 16 bilhões investidos na companhia e também em empresas parceiras, como a Sete Brasil, responsável pelo aluguel de sondas de perfuração à estatal.

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, renunciou ao cargo em meio a rumores de que o governo já teria convidado um substituto. Segundo fontes, Murilo Ferreira, presidente da Vale, já foi escolhido pelo governo para comandar o conselho da estatal. O objetivo é indicar nomes para o órgão com respaldo do mercado para resgatar a credibilidade da Petrobras.

Coutinho ficará no comando do conselho até o dia 29 de abril, quando uma assembleia geral de acionistas deverá escolher novos integrantes para o colegiado. Na próxima assembleia também serão confirmados como conselheiros o novo representante dos funcionários, Deyvid Bacelar, e o advogado Luiz Navarro, indicado pelo governo.

Plano

Uma das missões do novo conselho será a atualização do plano de negócios e gestão da companhia para o período entre 2015 e 2019. Diante de uma situação financeira delicada, a companhia deve cortar investimentos e revisar sua atuação em setores considerados menos estratégicos. Pelas regras atuais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a assembleia de acionistas também deve analisar as contas anuais da companhia.

Apesar da ansiedade do mercado, os conselheiros não conseguiram chegar, segundo fontes, a uma conclusão sobre os critérios para o cálculo das perdas contábeis decorrentes da corrupção. Em mais de 10 horas de reunião, o tema dominou a pauta e o embate entre os conselheiros.

Nas últimas semanas, o diretor financeiro da estatal. Ivan Monteiro, se reuniu com conselheiros independentes para esclarecer a metodologia e costurar um consenso. A metodologia proposta prevê a adoção dos valores de superfaturamentos identificados nas obras investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato.

Reunião

Esta semana, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine se reuniu com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. A pauta do encontro foi a cobrança de dívidas da estatal com impostos relacionados a empreendimentos no Estado. No início do ano, diante da crise nas contas públicas, o governador ameaçou cortar benefícios fiscais do Comperj. O governador estuda parcelar a dívida da estatal e estender o benefício a outros devedores do Estado.

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