Economia

Mantega: reversão da política monetária reativa crédito

A presidente Dilma Rousseff, se reeleita, deve promover em 2015 um ajuste fiscal mais forte, o que deve abrir espaço para o Banco Central flexibilizar a política monetária, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A seguir, mais trechos da entrevista concedida ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado:

Os juros no Brasil vão cair no ano que vem?
Ao fazermos um ajuste fiscal mais forte, como prevemos fazer em 2015, abrimos a possibilidade de o Banco Central flexibilizar a política monetária. A política monetária está muito dura, mas assim foi para que pudéssemos debelar a pressão inflacionária. Agora que a inflação caiu, achamos que não haverá pressão no início do ano que vem, porque a seca que vem assolando o País há três anos deve, enfim, ser mais branda. A flexibilização dos juros é importante para regular o nível de demanda que se retraiu muito. A reversão da atual política vai reativar o crédito e, consequentemente, o comércio e a indústria.

O sr. se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante hoje (ontem). Novas medidas estão a caminho? Enfim, a simplificação do PIS/Cofins sairá do papel?
São reuniões de rotina, não costumo revelar minhas conversas com a presidente. A proposta de reforma do PIS/Cofins, de fato, está sendo amadurecida aqui no ministério há algum tempo. Esses tributos têm mil dispositivos e a ideia, como há muito tempo, é permitir que as empresas possam usar os créditos tributários. Mas isso não foi discutido com Dilma.

A política econômica tem sido um dos principais focos das críticas de Aécio Neves e Marina Silva. Como o sr. vê isso?
A Marina, primeiro, tem de ganhar a eleição para depois fazer alguma cobrança de política econômica. Os economistas dela falam em tarifaço e em desmame da indústria no BNDES. Se fizer tarifaço, algo que não faz sentido para 2015, a população pagará mais no combustível, no remédio e na energia. Também fico muito preocupado quando Armínio Fraga fala em aumentar o superávit primário. Na época dele, o primário era alto porque tinha de pagar os juros levados à estratosfera por ele. Ele pegou a inflação em 9% e entregou em 12,5%. Precisamos ter cuidado com essa estratégia econômica que está sendo professada. Quando falam em reajuste de tarifas, como podem compatibilizar isso com o controle e queda da inflação? Imagina a taxa de juros que vão praticar para amarrar tudo isso.

Os analistas apontam uma melhora do mercado acionário brasileiro, e das ações da Petrobrás em especial, sempre que há uma queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas. Como o sr. vê isso?
Se eu fosse um analista, não estaria olhando para especulação eleitoral, mas para os fundamentos da empresa. Significa que a produção está aumentando, o lucro vai aumentar e terá bons resultados. Eu não me admiraria se tem alguém que lança uma expectativa para simplesmente poder se aproveitar da movimentação da bolsa. (Colaboraram Renata Veríssimo e Bianca Ribeiro). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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