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Manuela Dias retoma em livro os dramas da heroína de Amor de Mãe

Sabe quando uma novela termina e a gente pensa: "Nunca mais vou ver aquele personagem"? Isso já acontece com vários fãs de folhetins e também com Manuela Dias, criadora de sucessos como as séries Ligações Perigosas e Justiça, além da novela Amor de Mãe. Foi esta que inspirou o spin-off Diário da Dona Lurdes, livro lançado recentemente pela autora, que acompanha a vida da personagem, interpretada por Regina Casé.

A autora continua a história da mulher, que começou a novela em busca de seu filho Domênico, narrando, em forma de diário, o que aconteceu um ano após o fim do folhetim, quando o último filho saiu de casa. Dona Lurdes enfrenta a síndrome do ninho vazio e começa a escrever para tentar fugir da solidão, incentivada por uma mulher que conheceu no programa de Ana Maria Braga e que indica a escrita como forma de aliviar a angústia.

A ideia de retomar Lurdes é antiga. "Nasce de lugares loucos, é possível iluminar alguns ao longo do processo, outros são mais misteriosos", começa a autora. "Na minha infância, acompanhei a novela Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu. Eu estava com 7 anos, o último capítulo foi muito feliz, mas chorei muito. Foi a primeira novela que acompanhei inteira e minha mãe me perguntou o motivo do choro. Respondi: Vou morrer de saudade deles ", diz.

De alguma forma, voltar a escrever sobre a personagem é também responder a algumas perguntas que surgem entre as pessoas que acompanharam a novela. No livro, de quase 120 páginas, Dona Lurdes faz uma nova amiga, conhece alguém especial, sofre com a falta dos filhos, reúne toda a família novamente e até realiza o sonho de ver um show de Roberto Carlos.

Uma das boas descobertas da leitura é perceber que a protagonista de Amor de Mãe não mudou quase nada, apesar das mudanças em sua vida. Além do fato de que os diálogos têm a embocadura da atriz Regina Casé.

<b>Continuação</b>

"Eu escrevia pensando na voz dela, dizendo coisas ainda não faladas. Visualizava a imagem de Dona Lurdes e logo vinha a voz rouca, maravilhosa, de Regina", diverte-se Manuela. Outro detalhe do livro é que a autora encerra com a frase "fim do primeiro diário" – o que aponta para uma provável continuação.

Mas, e quanto à TV? Seria possível o Diário de Dona Lurdes inspirar uma série? Manuela não garante nem nega a possibilidade. A Globo é detentora dos direitos da obra original e, para escrever o livro, a autora teve de pedir permissão da emissora. "Não estou falando de chances reais, mas, se um dia quiserem adaptar, vou gostar muito", comenta. "Dona Lurdes não é só minha, esse livro só existe porque houve um apoio da emissora – e acredito que as pessoas também vão adorar revê-la. A decisão, no entanto, está muito acima de mim", acrescenta. É bom lembrar que, em junho do ano passado, a personagem voltou às telas com o comercial de um banco.

Engana-se quem pensa que Manuela ficou parada esperando um convite da Globo para a adaptação. Enquanto novos capítulos da mãe e dona de casa não surgem, a autora prepara outros lançamentos. A segunda temporada da série Justiça, por exemplo, deverá ser lançada ainda no segundo semestre deste ano.

O formato está mantido: quatro histórias de pessoas que enfrentam problemas com a Justiça. Desta vez, a trama se passa em Brasília, mais precisamente em Ceilândia, uma das cidades-satélites da capital do País. No elenco, artistas como Murilo Benício, Paolla Oliveira, Nanda Costa, Marco Ricca, Alice Wegmann, Marcello Novaes e Juan Paiva. O único nome mantido da primeira temporada é o de Leandra Leal, que vai reviver sua personagem Kellen. "Ela é meu alter ego", brinca. "Apesar de a gente não ser muito parecida, admiro muito a sua filosofia de vida. E vai ser impactante ver o cerrado e os arredores de Brasília como palco."

Além disso, na esteira de criações, Manuela pretende lançar um outro livro, em setembro. Berenice e Soriano foi criado para a filha da autora. "Leio para ela toda noite desde seu sexto dia; às vezes também me dou a liberdade de inventar uma historiazinha ou outra", revela. Foi assim que surgiu a história de Soriano.

No livro, que nasceu como peça de teatro, encenada em Minas Gerais, Berenice tem um sabiá chamado Soriano. O passarinho foge e ela vai atrás dele. Durante a busca, a menina encontra vários personagens das cantigas populares.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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