Cidades

Máquinas sindicais

Diferente do que ocorre com o setor produtivo brasileiro, que enfrenta grave crise financeira, quatro sindicatos de Guarulhos, que mantém ligações muito próximas à política partidária, não têm muito do que reclamar. Juntos, no ano passado, arrecadaram quase R$ 5 milhões em imposto sindical, uma contribuição descontada da folha de pagamento do trabalhador, que deixa – mesmo contra a vontade – um dia de serviços prestados por ano para a entidade que o representa.
 
 
 
O número 1 em arrecadação
 
Há 15 anos à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Pereira, pré-candidato a prefeito pelo governista PDT, administra a maior arrecadação em imposto sindical de Guarulhos. Em 2015, os trabalhadores deixaram nos cofres de Pereira R$ 2.231.510,71.
 
 
 
Camaradas
 
O 2º em arrecadação é o Sindicato dos Químicos, nas mãos de Antonio Silvan, que mantém ligações diretas com o PC do B, partido aliado ao PT. O imposto sindical rendeu-lhe R$ 1.068.878,32, valor bem próximo ao obtido pelo Stap de Pedro Zanotti, outro filiado ao PC do B, que cogita ser candidato a vereador. Os servidores deixaram em 2015 R$ 1.038.606,55 à entidade.
 
 
 
Projeção eleitoral
 
O suplente de vereador Maurício Brinquinho (PT), como presidente do Sincoverg (Sindicato dos Condutores), foi responsável por administrar R$ 318.405,81 arrecadados pela entidade com a contribuição dos trabalhadores. Apesar do valor bem abaixo dos demais, a ascensão do mandatário junto à CUT lhe garante grande projeção política. 
 
 
 
Constitucional
 
Vale salientar que o imposto sindical, que não é a única forma de arrecadação das entidades, está previsto na Constituição Federal. Também há que se destacar o importante papel dos sindicatos no processo de redemocratização no Brasil. Porém, neste momento crítico da política tem entidade que – em vez de representar os trabalhadores e sair em defesa da geração de empregos e renda – prefere o caminho mais fácil, que é se manter próximo ao poder.
 
 
 
Mina secando
 
Sindicatos que se distanciam dos interesses de suas bases correm o risco de ficarem marcados de forma negativa na história do país. Muitos ignoram que o dinheiro que vem das contribuições de trabalhadores pode estar com os dias contados. Com o desemprego em alta, a arrecadação de 2016 já deve ser menor que no ano passado.
 
 
 

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