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Marcante nas telinhas do Brasil, TV Pirata estreava há 30 anos

No dia 5 de abril de 1988, estreava na Globo o “TV Pirata”, humorístico que marcou época. O programa trazia um elenco de peso: Claudia Raia, Diogo Vilela, Marco Nanini, Ney Latorraca, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, entre muitos outros.

O programa, criado para concorrer com o Veja o Gordo, de Jô Soares, que ia ao ar pela então TVS (canal de Silvio Santos), chegou a ser cancelado cerca de um mês antes da estreia, após divergências entre a equipe de criação, formada por Jorge Fernando, Guel Arraes e Cláudio Paiva, com o supervisor Paulo Ubiratan.

O fato culminou com a saída de Jorge Fernando do projeto, que voltou a ser levado adiante em seguida. “Mesmo assim, ele fica sendo o padrinho do programa”, contava Arraes, à época.

Quem escrevia as piadas que iam ao ar era uma equipe de peso, com nomes como Luís Fernando Veríssimo e Pedro Cardoso, além de Hubert, Reinaldo, Bussunda, Cláudio Manoel, Hélio de La Peña, Beto Silva e Marcelo Madureira, que viriam a fazer sucesso futuramente na emissora com o “Casseta & Planeta: Urgente!”.

Três semanas após o lançamento, Arraes, que já havia feito trabalhos em atrações como “Guerra dos Sexos”, “Vereda Tropical” e “Armação Ilimitada”, deu uma entrevista sobre o programa recém-lançado ao jornal O Estado de S. Paulo. Confira alguns trechos:

Como nasceu o projeto do TV Pirata?

A ideia foi do Daniel Filho, que já vinha pensando em um novo programa de humor há muito tempo. Em julho/agosto do ano passado ele me chamou para participar do programa, comigo e o Jorge Fernando na direção, e o Cláudio Paiva na criação. Ficamos trabalhando os três últimos meses do ano passado, até chegar ao que queríamos.

Qual é a proposta do TV Pirata?

É a anarquia. Nossa ideia é brincar com a televisão, com todos os seus recursos e personagens. Para mim é uma continuação do meu trabalho. Nas novelas eu estava entrando na televisão. No “Armação (Ilimitada)” eu trouxe técnicas de cinema e quadrinhos e, agora, a brincadeira é com a própria televisão. Se no “Armação” os efeitos de edição faziam parte da história, agora eles aparecem como um confeito, mais que efeito.

O que você achou da repercussão do programa?

(…) Sei que foi polêmico. Sei também que estão dizendo que as piadas são rápidas demais e o povão não tem tempo de entendê-las. Mas diziam isso também do Armação até uns sete meses depois da estreia do programa.

E o humor tradicional da televisão, com tipos específicos e bordões, não influenciou?

(…) Quanto à ausência de bordões do TV Pirata, isso foi uma opção do Cláudio Paiva, coordenador dos textos. Mas acho que sempre há um bordão, só que mais camuflado. Mais natural.

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