Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly defendeu nesta quarta-feira uma "marcha rápida rumo à taxa neutra até o fim do ano" como um "caminho prudente para a política monetária nos Estados Unidos, no contexto atual. Em discurso na Universidade de Nevada, em Las Vegas, ela destacou a força da inflação, mas também notou que a economia dos EUA mostra força, inclusive no mercado de trabalho. Em sua fala, ela comentou que a taxa neutra, segundo várias projeções, estaria "em cerca de 2,5%, em termos nominais".
Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Mary Daly destacou no início de sua fala os sinais positivos da reabertura econômica, que ela disse ver também ao andar por Las Vegas. Após dois anos de "desafios econômicos relacionados à pandemia", há sinais positivos nos EUA. "O mercado de trabalho está robusto, os balanços de consumidores e empresas estão fortes e o sentimento dos consumidores e das companhias é sólido, apesar da guerra na Ucrânia e dos preços em alta na bomba de gasolina", apontou. "Claro, todos concordam que a inflação está muito elevada", reconheceu.
Ela argumentou que a pandemia da covid-19 tem um papel importante para explicar a trajetória dos preços. Mesmo conforme a crise de saúde perdia força, porém, a inflação perdurava, notou, com problemas nas cadeias de produção se estendendo. "E a guerra na Ucrânia pressiona mais a oferta, especialmente para alimentos, energia e outras commodities cruciais", disse.
Mary Daly afirmou que períodos prolongados de inflação elevada podem alterar as expectativas das pessoas, o que o Fed quer evitar. Segundo ela, o aperto ajudará a conter os preços e também as expectativas, que "felizmente seguem estáveis" no mais longo prazo, atualmente. "Não podemos ser complacentes com a inflação", ressaltou.
Para Mary Daly, o quadro atual é distinto dos anos 1970, já que o choque atual foi causado pela covid-19. Além disso, o Fed tem uma postura distinta agora sobre a importância de controlar logo a inflação, garantiu.
A dirigente disse ainda que a pandemia continua como uma incerteza no radar, em meio a novas ondas de casos, como por exemplo na China.