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Marco Luque: “O humor não pode ser levado tão a sério”

O humorista Marco Luque, titular da bancada do CQC, ignora o “politicamente correto” e diz que não considera o público burro, mas que a grande maioria prefere o “riso mais fácil”

Marco Luque poderia ter feito a alegria dos brasileiros nos gramados, mas ele preferiu os palcos e a televisão. Hoje já é considerado um dos humoristas mais talentosos do País. É verdade! Antes do teatro, do rádio e do CQC (TV Band), Luque foi jogador de futebol; começou em um time de Santo André e jogou até em um clube de segunda divisão do futebol espanhol. Ele fez questão de dizer à reportagem que era atacante. Mas, azar no jogo, sorte no humor. Marco Luque fará um show nesta quarta-feira, 25, para convidados do Grupo MG Com, no Teatro Adamastor.

Não restam dúvidas que, aos 36 anos, Marco Luque Martins, nascido em São Paulo, tem talento de sobra. Fugindo do "politicamente correto", o artista disse que "o humor não pode ser levado tão a sério" e concorda que o stand-up está passando por uma seleção natural, mas que há espaço ainda para muita gente.

Apaixonado por carrinhos e colecionador de bonequinhos de super-heróis, esse cara só cresceu no tamanho e seu carisma contagiou uma grande legião de fãs, que só cresce a cada dia. Nesta entrevista, ele contou o início de tudo.

Em que ocasião você se deu conta que era humorista?
MARCO LUQUE – Já na escola, quando eu ficava fazendo graça para a minha classe. A professora deixava uns minutos da aula para a gente se divertir.

Em algum momento imaginou que ganharia a vida como humorista, que teria fama na profissão? Quando isso aconteceu?
LUQUE – Isso não. Realmente foi uma coisa que foi crescendo com as oportunidades surgidas. Eu tinha grande vontade de atuar e sempre corri atrás disto, a coisa começou a tomar outras proporções quando entrei no Terça Insana e, de lá pra cá, a minha carreira começou a engrenar.

É verdade que o futebol perdeu um grande jogador para o humor? Como foi sua experiência com o futebol?
LUQUE – (Risos). É verdade. Comecei jogando no Santo André e cheguei a ir para Espanha para jogar lá, mas não deu muito certo, acho que eu não jogava tão bem como jogo hoje em dia (risos). Acho que se fosse hoje eu teria um lugar na seleção brasileira. Sabe como é, hoje sou um jogador com experiência, já conheço os atalhos do gol. Ah, esqueci de dizer que eu era atacante.   

Em que ocasião e situação aconteceu a mudança de percurso?
LUQUE – Eu estava fazendo faculdade de artes plásticas aqui no Brasil e surgiu a oportunidade de realizar  uns testes de futebol na Espanha. Aproveitei e fui para um clube da segunda divisão do futebol espanhol e fiquei um tempo treinando por lá, só que, como o pessoal não entendia muito bem as minhas piadas por lá (risos), achei melhor voltar para o Brasil e terminar a minha faculdade.

O teatro ou o rádio surgiu primeiro em sua vida?
LUQUE – Primeiro veio o teatro e depois veio o lance do rádio, onde eu semanalmente gravo novas esquetes para o Jackson Five.

No rádio você viveu dois personagens que marcaram sua carreira: o Jackson Five, o motoboy, e o Silas Simplesmente, o taxista. O que de fato eles significam para você?
LUQUE – Realmente eles são muito marcantes. No espetáculo que apresento atualmente, o Labutaria, quando eles entram em cena a galera vai a loucura. É muito bom ter esse reconhecimento do público, com um trabalho que eu faço com muito carinho.

Como surgiu o projeto do CQC (TV Band)?
LUQUE – O CQC é um programa de origem argentina e que se espalhou por diversos países e aqui no Brasil ele tem atingido bastante sucesso. A intenção do programa, quando foi lançado, era de ser uma coisa inovadora que conseguisse juntar humor com reportagens de conteúdo.

Considera o CQC um "humor inteligente", como o público costuma dizer, ou para você não existe esse lance de "humor inteligente"?
LUQUE – Existe sim, mas acho que o humor não pode ser levado tão a sério.

Se existe "humor inteligente", existe "público burro"?
LUQUE – Não considero o público burro. A maioria quer se divertir e nem sempre essa maioria entende algumas piadas ou sacadas mais elaboradas, preferem o riso mais fácil.

Você avalia que o stand- up já começou a fazer sua seleção natural? Quem vai sobreviver?
LUQUE – Tudo passa pela seleção natural e o stand-up não ficaria fora desse ciclo, mas acho que tem espaço para muita gente nesse perfil.

O "politicamente correto" engessou a criatividade dos bons humoristas?
LUQUE – Acho que não, normalmente o humorista já segue uma linha ou tendência e dificilmente ele mudaria uma piada para se adaptar a uma situação.

 

Algum projeto na televisão a caminho, algo do tipo "carreira solo"?
LUQUE – Estou sempre pensando em algo novo, mas ainda não para a TV. Penso em utilizar outros suportes como a internet, por exemplo.

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