Aos 31 anos, Marcus Mumford começou a ver sua nave despencar. O Mumford & Sons, um dos mais espetaculares grupos do neo folk inglês surgido nos anos 2000, vendedor de mais de 8 milhões de cópias só do primeiro de seus quatro discos, entrou em uma ciranda desgastante de shows que levou Marcus ao colapso pelo álcool e pela compulsão alimentar. Para piorar, o importante elemento na construção da sonoridade folk do grupo, o banjoísta Winston Marshall, elogiou o livro do jornalista de extrema direita, Andy Ngo, chamado Unmasked: Inside Antifa s Radical Plan to Destroy Democracy, e caiu em desgraça.
Em pane e com muito mais peso do que o normal, Marcus decidiu fazer um álbum solo para falar de uma outra destruição traumática da qual nem sua mãe sabia: um abuso sexual sofrido na infância, um episódio aterrador que acabou se tornando combustível para a mais bela canção desta safra: Cannibal.
Seu álbum Self-Titled tem tristeza, revelação, uma ou outra explosão emocional e muita poesia. É belo de se ouvir, leve e quase sem os resquícios folk do Mumford & Sons, algo tão bom para quem pegou ranço da "banda católica" e tão frustrante para quem amava aquilo tudo.
Grace, depois de Cannibal, é a segunda grande canção, um achado que coloca Marcus no lugar que ele procurava mesmo nos últimos discos da banda. Prior Warning, Better Off High, Only Child e How, com Brandi Carlile, são belas canções, mesmo sem a magia do Mumford & Sons.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>