A BRF comunicou nesta quinta-feira, 3, que a Marfrig comprou mais ações da companhia através de opções e da compra em leilões realizados em Bolsa. No agregado, a participação da produtora de carne bovina no capital da companhia pode chegar a 31,66%. Isso colocaria a empresa perto dos limites estabelecidos no estatuto da BRF para acionistas minoritários.
Se as opções forem integralmente exercidas pela Marfrig, a empresa passará a deter até 257.267.671 de papéis da produtora de alimentos. Isso não só consolidaria a Marfrig como a maior acionista da BRF como a aproximaria da cláusula de "poison pill" da companhia.
O "poison pill", incluído no estatuto social da BRF, determina que qualquer acionista que se torne titular de 33,33% das ações da empresa terá de divulgar este fato e lançar, em até 30 dias contados a partir da aquisição mais recente, uma oferta pública de aquisição (OPA) para todos os demais acionistas.
O preço da OPA embutiria um prêmio de 40% sobre a média de preço das ações da BRF nos 120 dias anteriores e também nos 30 dias anteriores.
Entretanto, a Marfrig informou que as compras têm o objetivo de diversificar seus investimentos no setor de proteína, e que não pretende alterar o controle ou a estrutura administrativa da BRF.
Além disso, a empresa controlada por Marcos Molina disse que não busca eleger membros para a administração da empresa ou influenciar em suas atividades.
<b>Acionistas da BRF</b>
Em comunicado, a BRF ressaltou que continua sendo uma empresa sem controlador definido, com ações dispersas no mercado. Além da Marfrig, seus maiores acionistas são o Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o JPMorgan, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e a Kapitalo Investimentos.
A Marfrig começou a avançar no capital da BRF nas últimas semanas, inicialmente comprando uma fatia de 24,23% da empresa, dona das marcas Sadia e Perdigão. Uma parte dessas ações veio da Previ, que desmontou parte de sua posição na BRF, antes em 9%.
A operação feita pela Marfrig girou R$ 3,2 bilhões, e apesar da negativa das empresas, foi lida pelo mercado como uma investida inicial para uma fusão, que as duas companhias tentaram em 2019, mas que fracassou.