Sexy e perigosa. Para o espectador que assiste a Esquadrão Suicida, é difícil saber o que torna a Arlequina de Margot Robbie mais letal – se a língua ferina ou o bastão de beisebol que ela usa como arma. Um tacape para arrebentar cabeças. Numa individual com o repórter, em Nova York, Margot diz que não sabia nada sobre o esquadrão de vilões da DC Comics, mas sabia tudo sobre David Ayer. “Vi Marcados para Morrer quatro ou cinco vezes, Corações de Ferro é sensacional. Quando a produção entrou em contato comigo fiquei superexcitada por causa de David, mas what a fucking hell (que p…) é esse tal de esquadrão, pensei comigo? Bastaram 20 minutos de conversa por Skype. David me explicou o conceito, disse quem era a Arlequina e como ele a via. Só se fosse louca para perder essa chance.”
Na ficção da DC, a Dra. Harleen Quinzel atende os internos do Arkham Asylum. Designada para psicanalisar o Coringa/The Joker, ela se apaixona por ele e vira a Arlequina. “Essa dualidade sempre foi muito atraente, mesmo que, no filme, Arlequina já seja uma personagem acabada em si mesma. O fato de ser sexy, desbocada, violenta, tudo isso era fácil. Minha dúvida era sobre quão apaixonada ela é pelo Coringa. David me deu toda orientação que precisava, tive acompanhamento e viajei na mente dessas pessoas que se tornam tão dependentes de outras, sentimentalmente, que é como uma doença. Ou melhor – uma droga. Ao descobrir que a Arlequina é viciada no Coringa, encontrei minha personagem e a forma de fazê-la.”
Australiana, Margot, em relativamente pouco tempo virou estrela em Hollywood. Há apenas três anos, quando fez O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio, ela era conhecida na Austrália, e olhe lá. Ganhou projeção planetária. Vieram depois A Grande Aposta, com a cena da banheira, o Tarzan de David Yates, em que ela faz Jane. Muito justamente, Tarzan. O repórter faz sua interpretação do filme. Na primeira cena de Jane com Lord Greystoke, ele mostra às crianças como caminhava sobre as mãos, na selva. A partir daí, as mãos são essenciais. A delicadeza com que Tarzan toca a mãe macaca ou a futura mãe de seu filho. O bebê que ele carrega nos braços, no desfecho.
Mãos que criam, em oposição às do vilão, Christoph Waltz, que só destroem. “David (Yates) ia gostar de ouvi-lo”, ela diz ao repórter. “Conversávamos muito sobre a importância das mãos, dos gestos. Tarzan é um filme de poucos diálogos. Só o essencial. A emoção e a comunicação têm de passar na tela de outras formas que não pelas palavras. David nos incentivava a buscar o toque, o contato.”
O repórter a felicita por suas escolhas. Ela diz que tem uma equipe muito boa. “Quero fazer coisas diferentes, trabalhar com diretores que me inspirem. Não quero ficar me repetindo. Minha agente, minha família, meus amigos, tenho muita gente ao redor para me assessorar.” A cena da banheira, a lição de economia de A Grande Aposta, no filme de Adam McKay? “Foi apenas uma tarde de filmagem, mas precisei me preparar muito, porque tinha de dizer aquele texto complicadíssimo sobre debêntures e quetais. Quando terminei, foi uma festa, a equipe inteira aplaudiu. E eu naquela banheira de espuma.”
Se ela não gosta de se repetir, como fará a Arlequina numa eventual franquia própria? “É uma personagem muito rica, mas terá de ser um trabalho conjunto com diretores e roteiristas”, explica. Arlequina é tão bela, esperta. Ao mesmo tempo, derrete-se pelo Coringa. “Ela não deixa de ser uma espécie de versão feminina dele. Vejo a ligação de ambos como uma linda história de amor. A vulnerabilidade amorosa da Arlequina aumentou minha simpatia por ela.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.