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Maria Lúcia Amary sobre Arthur do Val: O Conselho de Ética dará uma resposta

A presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Maria Lúcia Amary (PSDB), disse ter ficado chocada e constrangida com os comentários do deputado Arthur do Val (sem partido) – de que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". Ela defendeu a celeridade no processo contra o colega para evitar o desgaste da imagem da Casa, que enfrentou, no ano passado, o caso do deputado Fernando Cury (sem partido), suspenso por seis meses por assediar a colega Isa Penna (PSOL). Maria Lúcia prevê que a conclusão do processo contra Arthur do Val ocorra nos próximos 60 dias.

<b>O que sentiu quando ouviu os áudios de Arthur do Val?</b>

Tive um impacto muito forte, como mulher e deputada, porque tinha acabado de ver imagens da guerra da Ucrânia e estava sob a emoção de ver a luta daquelas mulheres pela vida. Me chocou não só pelo sofrimento delas, mas a discriminação social, no momento em que ele fala que elas são pobres. As mulheres, independentemente da classe social, têm a dignidade delas.

<b>Quais as possíveis consequências para o deputado Arthur do Val?</b>

Não se sabe o desfecho. Vou nomear o relator na próxima semana e ele vai dizer. Nessa situação, com a sociedade pedindo uma resposta, todos nós da Alesp ficamos numa situação constrangedora.

<b>Qual é o trâmite do processo a partir de agora?</b>

Amanhã (hoje) faremos uma reunião só para votar o apensamento de todas as 16 representações em um processo único. Depois, o conselho terá nova audiência para fazer o pedido de admissibilidade. Em sendo admitido, tem cinco sessões para apresentar a defesa prévia. Em seguida, define-se o relator, que tem até 15 dias para apresentar o parecer.

<b>A sra. consegue fazer um juízo prévio?</b>

Tenho que ser imparcial. Agora, percebemos uma pressão muito forte da sociedade, clamando por resposta. Eu acho que temos que dar essa resposta. O conselho vai dar essa resposta.

<b>A sra. ainda sente a discriminação por ser mulher na política?</b>

Eu consegui avançar as etapas, mas a gente vê isso (machismo) com muita clareza. Por exemplo, no mandato passado, tivemos a primeira mulher a ser vice-presidente da Assembleia em 150 anos. Os partidos políticos indicam as mulheres para ser terceira e quarta-secretária. Nós quebramos essa lógica. Eu aproveitei todo esse momento para gerar uma continuidade, mas, nessa eleição, não vai ter nenhuma mulher. A gente avança e recua. Claro, temos que lutar muito. Não podemos parar.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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