Em 2010, a maestrina norte-americana Marin Alsop subiu pela primeira vez ao palco da Sala São Paulo para reger, então como convidada, a Sinfonia n.º 7 do compositor austríaco Gustav Mahler, à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. No ano seguinte, tornou-se regente titular do grupo. E, agora, oito anos mais tarde, ela volta a interpretar a obra, abrindo sua primeira temporada desde o anúncio, em dezembro passado, de que ela deixará a Osesp ao final do próximo ano.
Alsop vai completar ao todo nove temporadas como diretora musical e regente titular em São Paulo. E, em 2019, assume o comando da Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena. Ela explica que sua motivação não foi trocar um grupo pelo outro. “Oito anos é uma quantidade razoável de tempo e, ao longo dele, estou certa de que chegamos a um bom nível artístico”, diz, em entrevista exclusiva ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em seu camarim na Sala São Paulo.
“Sempre acho que uma relação deve terminar quando tudo está bem. A decisão simplesmente fez sentido a todas as partes envolvidas, foi orgânica, como devem ser todas as boas decisões. E, claro, apareceu então essa nova possibilidade em Viena. Mas estou feliz de poder continuar trabalhando com a Osesp e de estabelecer com os músicos uma outra forma de relacionamento.” Ela, a partir de 2020, torna-se a primeira regente de honra da história do conjunto brasileiro, que criou também um prêmio para jovens regentes batizado com o nome da maestrina.
A Sinfônica da Rádio de Viena, nas palavras da maestrina, tem um perfil muito claro e definido na cena musical da cidade, que é a busca pela inovação na atividade orquestral, dentro e fora do palco. Quando assumiu a Osesp, em sua primeira entrevista, Alsop também tratou dessa questão, afirmando que gostaria de ajudar a instituição a pensar o que seria o papel de uma orquestra do século 21. Ela considera esse um objetivo realizado? “Sim e não”, diz Alsop, depois de uma longa pausa.
“Eu fui um pouco ingênua ao chegar, por não entender o funcionamento da instituição no que diz respeito à complexidade de sua relação com o governo, que é pesada. Cada passo envolve diversos fatores. Não posso simplesmente resolver tocar a Nona de Beethoven em uma favela, por exemplo, é sempre mais complicado. Então, de alguma forma, apesar de todas as conquistas artísticas, no que diz respeito ao contato, ao diálogo com diferentes públicos, eu gostaria de ter feito mais.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.