Desde que apareceu no cenário musical no final dos anos 1980, quando sacudiu a música popular brasileira que, àquela altura, não apresentava nada de novo, Marisa Monte conserva, por estilo, uma maneira muito própria de se relacionar com a carreira e a fama – suas redes sociais, por exemplo, pouco mostram. Em dois anos no Instagram, Marisa fez dez postagens para seus mais de 1 milhão de seguidores.
Sem alarde, a cantora pode anunciar um novo álbum, como aconteceu há poucos dias, quando a imprensa foi informada que ela já havia gravado um novo trabalho, batizado de Portas – o primeiro solo de música inéditas em dez anos. O comunicado, claro, gerou curiosidade no meio musical, algo que sempre se repete quando se fala em algum projeto em que Marisa Monte esteja envolvida.
Parte desse mistério foi revelado nesta quinta-feira, 10 de junho, às 9 da noite, quando o single Calma, parceria dela com o músico Chico Brown foi lançado nas plataformas musicais – e até no horário, há algo de diferente, já que os lançamentos costumam subir para os players na virada de sexta para sábado.
Calma traz o DNA pop que da cantora e tem versos de amor que falam de futuro, madrugada, alvorada e "tempestade em copo d água". "Não diga que não gosta de mim/ Não diga que não vai me notar/ No pé do bar em qualquer lugar/ Não venha me dizer que não dá/Não quero ver você se perder".
A faixa tem arranjos do jovem baterista e trombonista carioca Antonio Neves – que já trabalhou ao lado de nomes como Elza Soares, Edu Lobo e Alcione – e, no começo deste ano, lançou o álbum A Pegada Agora É Essa, com participações de Alice Caymmi, Hamilton de Holanda e Leo Gandelman. Marisa toca violão de nylon na faixa.
Pare além do single Calma, ainda pouco se sabe sobre o repertório do álbum Portas. O disco, que foi gravado entre outubro de 2020 e abril de 2021, no Rio de Janeiro e em Nova York, tem direção geral e produção de Marisa e coprodução de Arto Lindsay, com quem ela já havia trabalhado nos discos Mais (1991) e Verde Anil Amarelo Cor-de-rosa e Carvão (1994).
Em um vídeo teaser divulgado pela assessoria de imprensa da cantora, porém, há algumas pistas. Nas imagens, é possível ver Marisa trabalhando em estúdio acompanhada de velhos companheiros, como Carlinhos Brown, Dadi e os guitarristas Pedro Baby e Davi Moraes, além das presenças do compositor e percussionista Pretinho da Serrinha, nome ligado ao samba carioca, e do cantor e compositor Silva que, em 2016, dedicou um álbum ao universo musical de Marisa.
Nesse mesmo vídeo, a cantora fala sobre o susto com a pandemia do medo e abatimento que ela provocou nas pessoas. Marisa também disse que, por sugestão de um amigo, resolveu, após se cercar de cuidados, entrar no estúdio para gravar o nome trabalho. "Música é remédio. Foi aí que a gente abriu a portas e reencontrou nosso caminho", diz o texto.