O britânico Mark Ronson ficou conhecido, acima de tudo, por seu trabalho como produtor musical. Ele próprio admite que sempre se sentiu mais produtor do que qualquer outra coisa. Seu trabalho, que sempre foi mais intenso a partir das sessões de gravação, ganhou em seu novo álbum, Late Night Feeling, uma nova ordem.
“Em meus outros álbuns, a batida veio primeiro”, ele diz ao Estado, numa conversa por telefone direto de Londres. “Este é um pouco diferente, vem de um lugar mais emocional. Pensei na produção depois.”
A produção, inclusive, ele não fez totalmente sozinho. Ganhou um tempero do americano Diplo, conhecido por suas músicas com o Major Lazer – grupo que, em 2017, apresentou a parceria Sua Cara com Anitta e Pabllo Vittar. O resultado vai poder ser visto no dia 21 de junho, quando Late Night Feelings será lançado.
As composições causaram impacto sobre o processo de desenvolvimento do disco, algo incomum para Ronson. Foi a partir de uma música feita ao lado da cantora sueca Lykke Li que o conceito do álbum surgiu. “Lykke entrou cedo no processo. Ela veio com a letra da música Late Night Feelings e dali eu já sabia que este seria o título do disco.”
A parceria com Li rendeu bons frutos e Mark Ronson incluiu outra canção com ela no projeto, intitulada 2 AM, que mantém a mesma temática. Produtor, Mark conta com a colaboração de cantores em suas músicas. Ele afirma que, inicialmente, não foi proposital, mas o novo disco acabou tendo apenas vozes femininas. “Foi meio que sem querer, mas adoro as vozes delas. Foi uma combinação de coincidências.”
Além de Lykke Li, o disco conta com Miley Cyrus, Camila Cabello, Alicia Keys, King Princess, Yebba, Angel Olsen, Diana Gordon e Ilsey Juber.
Foi a música com a ex-estrela teen Miley Cyrus, Nothing Breaks Like a Heart, inclusive, a escolhida como carro-chefe do disco, lançada já no final de 2018. “Eu não a conhecia pessoalmente, mas a vi na TV há uns quatro anos cantando country e comecei a mandar mensagens. Passei quatro anos atrás dela”, conta.
Shallow
Em seu último álbum, Uptown Special (2015), Ronson contou com um time majoritariamente de cantores masculinos, como Bruno Mars e Stevie Wonder. Ele, no entanto, sempre foi mais conhecido por suas parcerias com mulheres. Seus primeiros prêmios do Grammy vieram com o icônico disco Back To Black, lançado por Amy Winehouse em 2006.
Além de ter vencido por sete vezes o Grammy, Mark Ronson se tornou também, em 2019, um vencedor de Oscar – e ainda por uma colaboração com uma cantora. A música Shallow, de Lady Gaga, feita em parceria com ele, Andrew Wyatt e Anthony Rossomando para o filme Nasce Uma Estrela, foi eleita a melhor canção original da premiação deste ano.
“Estou muito feliz. Oscar, e até mesmo o Grammy, parecem coisas que estão além do nosso alcance”, ele analisa. “Estou orgulhoso, especialmente por Lady Gaga.”
Ele afirma que o trabalho ao lado de Lady Gaga, não apenas na trilha de Nasce Uma Estrela, assim como no seu disco Joanne (2016), certamente influenciou Late Night Feelings. “O Joanne e a música Shallow são composições mais nuas. Tanto me influenciou que usei a mesma guitarra do Joanne em Nothing Breaks Like a Heart.”
Shallow fez um sucesso estrondoso no mundo inteiro e passou semanas no topo das principais paradas musicais. Recentemente, a canção ganhou uma versão em português, intitulada Juntos, da cantora brasileira Paula Fernandes, gravada ao lado de Luan Santana. Mark diz que não chegou a ouvir a versão, mas fica feliz que ela exista. “Eu acho que é um dos melhores elogios que você pode receber, saber que a sua música alcançou tantas pessoas.”
Durante a temporada de premiações deste ano, quando Lady Gaga se apresentou com Shallow nas cerimônias do Grammy e do Oscar, Ronson estava em sua banda, tocando guitarra. “Ela tem uma das vozes mais poderosas”, elogia. “Uma vez, durante um ensaio, ela soltou uma nota tão potente que eu esqueci completamente o que estava fazendo.”
Ronson diz que adoraria sair em turnê com o Late Night Feelings e com as cantoras que dão voz ao disco. “Mas é difícil conseguir juntar tantas artistas diferentes no mesmo palco. Talvez eu comece com a ideia de sair em turnê com a Lykke Li.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.