A ministra da Cultura, Marta Suplicy, já pediu seu afastamento do Ministério que ocupa desde a saída de Ana de Hollanda, há 2 anos. Com ela, alguns auxiliares também estão pedindo afastamento, caso do diretor da Cinemateca Brasileira, Lisandro Nogueira, que se demitiu nesta terça-feira, 4. Nogueira voltará a dar aulas na Universidade Federal de Goiás. “Cumpri minha missão”, disse ele, que ficou um ano no cargo.
A não continuidade de Marta Suplicy já tinha sido decidida no primeiro turno das eleições, quando a ministra encampou um movimento pela substituição da candidata Dilma Rousseff pelo ex-presidente Lula, o chamado “Volta, Lula”. O movimento não vingou e Dilma se reelegeu, o que a colocou em xeque no cargo.
As duas, Marta e Dilma, conduzirão nesta tarde de quarta-feira, 5, a festa de entrega da 20° edição da Ordem do Mérito Cultural (OMC), às 16h30, no Palácio do Planalto. O prêmio irá para 26 pessoas e quatro instituições. Marisa Monte, Mano Brown, Alex Atala, Tião Oleiro, o maestro Júlio Medaglia, Bernardo Paz (idealizador do Centro de Arte Contemporânea Inhotim); Henricredo Coelho (mais conhecido como Palhaço Gafanhoto); Luiz Angelo da Silva (Ogan Luiz Bangbala); a atriz Patrícia Pillar, o falecido chef paraense Paulo de Aráujo Leal Martins e a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) e a artista plástica Djanira da Motta e Silva (1914-1979) estão entre os homenageados.
Para o lugar de Marta, já estão sendo cogitados alguns nomes. O ex-ministro Juca Ferreira, que foi convocado às pressas no final de agosto pela presidente para ocupar cargo de comando na campanha, quando a situação estava mais complicada com a subida de Marina Silva, agora é um dos principais nomes para voltar a ocupar a pasta. Um sinal da recuperação de seu prestígio ocorre nesta quarta, 5: um de seus antigos auxiliares, o roteirista e diretor Orlando Senna (que foi Secretário do Audiovisual) também estará recebendo a comenda da Ordem do Mérito Cultural esta tarde.
Há um porém: Ferreira, que é secretário de Cultura de São Paulo, está empenhado em ajudar a fazer da gestão de Fernando Haddad um modelo de administração moderna (muito das próximas eleições depende disso no PT). Ele pode decidir permanecer, ocupando-se de indicar um nome e articular uma filosofia de trabalho na pasta.
Outro nome que surge com força é o do atual presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos. A presidente gostou da forma habilidosa, diplomática, porém firme, como Ângelo Oswaldo conduziu a nova legislação de museus do País, sancionada há um ano. Ele também já foi secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais no Governo de Itamar Franco (1999-2002) e dirigiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN.
Contra Oswaldo, pesa o fato de que tem ideias predominantemente liberais, e Dilma se comprometeu, com o grupo que a ajudou a recuperar a confiança entre a classe artística, a retornar a inclinação do MinC para um esfera de participação popular e arcabouço vanguardístico, mais ousado.
A deputada federal Jandira Feghali (PC do B), aliada importante do governo nas questões culturais, voltou a ter seu nome lembrado. O retorno do próprio Gilberto Gil é uma das soluções que estão sendo mencionadas, como forma de aproximar opostos. A gestão de Marta foi avaliada como tendo sido “saneadora”, no sentido de recolocar alguns programas nos trilhos (conseguiu, por exemplo, aprovar o Vale Cultura), mas ela não chegou a criar uma marca própria e investir num grande programa. Também abdicou da discussão de temas importantes, como os direitos autorais, que acabaram ficando na mão do congresso – um dos parlamentares que se adiantou nessas discussões foi o senador do PSOL, Randolfe Rodrigues, que conseguiu levar a cabo uma CPI contra o Ecad e uma nova lei autoral.