O massacre que deixou seis mortos em Highland Park, nos arredores de Chicago, foi o mais letal, mas não o único caso de violência armada durante os festejos da Independência dos EUA, em 4 de julho. Ao menos quatro casos considerados ataques a tiro em massa – quando um mínimo quatro pessoas ficam feridas em um único evento envolvendo armas de fogo – foram registradas na segunda-feira em diferentes partes do país.
A preocupação dos americanos com o que já é descrito como uma "epidemia de violência armada" alcançou níveis alarmantes em 2022. De acordo com o Gun Violence Archive, um projeto de rastreamento de crimes envolvendo armas de fogo no país, contabilizou 309 ataques a tiro em massa apenas neste ano – alguns deles com alta letalidade, como o recentemente registrado em uma escola primária em Uvalde, Texas.
O tiroteio em Highland Park se destacou por seu tamanho (com dezenas de feridos), sua letalidade (pelo menos seis mortos) e sua localização, um subúrbio rico – onde a renda familiar média é de quase US$ 150 mil ao ano (cerca de R$ 805 mil) e mais de 80% da população é branca, com uma grande comunidade judaica. Mas a falta de padrão dos ataques a tiros em massa mostra que a violência armada em uma nação com mais armas de fogo do que pessoas é quase onipresente.
Doze horas antes do atirador abrir fogo contra o desfile patriótico em Highland Park, cinco pessoas ficaram feridas em um tiroteio por volta da meia-noite em Parkway Gardens, um complexo habitacional no bairro de Greater Grand Crossing, na zona sul de Chicago, onde a renda familiar média é inferior a US$ 30 mil (R$ 161 mil) e mais de 90% da população é negra. As cinco vítimas, todas do sexo masculino de 17 a 30 anos, foram transportadas para hospitais locais, de acordo com o Departamento de Polícia de Chicago. Nenhuma prisão foi feita e o autor não foi identificado, disse a polícia.
Ainda na segunda-feira, quatro pessoas ficaram feridas em um tiroteio em Kansas City, no Estado do Missouri, e seis ficaram feridas em um outro caso envolvendo armas de fogo em Richmond, Virgínia. Antes disso, no fim de semana que antecedeu o feriado, houve ataques a tiros em massa em ao menos seis outras cidades, incluindo Nova York.
De acordo com um levantamento da NBC em Chicago, durante o fim de semana que antecedeu o 4 de julho – quando festas pelo feriado de independência já costumam acontecer – pelo menos 57 pessoas foram baleadas na cidade, com nove delas indo à óbito. Os números foram divulgados na manhã de segunda-feira, e não contabilizaram os dados de Highland Park.
Na Filadélfia, as vítimas foram dois policiais, baleados perto do Museu de Arte. Ambos os policiais foram transportados para o Hospital Universitário de Jefferson e estão em condição estável, de acordo com os responsáveis pela comunicação do hospital
<b>Medo e pânico</b>
O cenário de incerteza e insegurança provoca uma espécie de reação em cadeia do medo, mesmo quando a ameaça não é real. Em diversas celebrações do 4 de julho pelos EUA, cenas caóticas de correria e empurra-empurra foram registradas quando os sons de fogos de artifício foram confundidos com tiros.
Em um show de fogos de artifício no centro de Orlando, as pessoas fugiram enquanto estouros altos ecoavam por toda a área. Algumas pessoas pularam em um lago próximo, disse uma testemunha ocular a um canal de notícias local, enquanto a polícia confirmou que outros sofreram ferimentos leves durante a confusão. Segundo as autoridades, os barulhos altos ouvidos era fogos de artifício.
Em Harrisburg, o som de fogos de artifício foi apontado como provável causa do pânico entre centenas de pessoas, segundo a polícia. Em Washington, dois barulhos altos perto da 11ª Avenida e da Pennsylvania Avenue levaram as pessoas próximas a fugir em direção ao National Mall. As autoridades no local confirmaram que os sons eram de fogos de artifício e disseram que os ruídos provavelmente desencadearam o alarme.
Na Filadélfia, o som de tiros fez uma multidão fugir de um evento perto do centro da cidade. Vídeos que circulam nas mídias sociais mostraram algumas tentativas de escalar barreiras de segurança enquanto uma queima de fogos de artifício explodia em segundo plano.
"É devastador que uma celebração da América tenha sido destruída por nossa praga exclusivamente americana", disse o governador democrata de Illinois, J.B. Pritzker, na segunda-feira.
"Enquanto celebramos o 4 de julho apenas uma vez por ano, os tiroteios em massa se tornaram nossa tradição semanal – sim semanal – americana." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)