Estadão

Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, alega quarentena para não depor à CPI

Sócio da Precisa Medicamentos que tem depoimento marcado à CPI da Covid para esta quarta-feira (23), Francisco Maximiano enviou ofício à comissão em que afirma que não poderá comparecer na sessão. Para justificar a falta, a defesa de Maximiano alega que o empresário desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no último dia 15, vindo de uma viagem à Índia, o que o obrigaria a cumprir uma quarentena de 14 dias.

"A Coordenação de Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados – PVPAF-Guarulhos, com fulcro na portaria 654.20211, determinou ao peticionário o cumprimento de quarentena obrigatória pelo prazo de 14 (quatorze) dias, o impossibilitando de se deslocar até Brasília para a sessão a ser realizada no próximo dia 23.06", escreveu em comunicação ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Apesar de a convocação de Maximiano ter sido aprovada no último dia 16, e a data do depoimento ser conhecida desde a semana passada, o ofício foi enviado à CPI da Covid apenas nesta terça-feira (22).

"Ante a ordem expressa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estes subscritores servem do presente para comunicar a impossibilidade de comparecimento do Sr. Francisco Maximiano à reunião designada para o próximo dia 23.06, em respeito às normas de segurança do País", concluíram os advogados.

O empresário foi convocado para falar à CPI em razão do papel da Precisa Medicamentos na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo brasileiro. Reportagem do <b>Estadão</b> mostrou hoje que o Executivo adquiriu o imunizante por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.

Diferentemente dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no País ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa. Ainda na semana passada, a CPI da Covid autorizou a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário de Maximiano.

Mais cedo, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), classificou como "absurda" a negociação do governo para a compra da vacina e afirmou que Maximiano poderá ser alvo de uma condução coercitiva se não comparecer à comissão.

"Nós vamos aprofundar, nesta semana, teremos um olhar especial para a negociação da Covaxin, que parece absurda sobre qualquer aspecto", disse Renan Calheiros em entrevista a jornalistas no Senado. "Era a vacina mais cara com o mais demorado calendário", destacou o parlamentar. Renan chamou a atenção para o fato de a Covaxin ser a única vacina comprada pelo governo brasileiro por meio de um "atravessador", no caso, a empresa Precisa.

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