A primeira-ministra britânica, Theresa May, apresenta nesta segunda-feira, 21, ao Parlamento seu plano alternativo para o Brexit. O acordo original negociado por ela foi rejeitado pelos deputados na semana passada, por isso a proposta de hoje – que será debatida no dia 29 – definirá as condições sob as quais o Reino Unido deixará a União Europeia.
No entanto, um porta-voz do Partido Trabalhista, de oposição, adiantou ontem que o Reino Unido não conseguirá obter um acordo no prazo estabelecido do Brexit: 29 de março. Faltando pouco mais de dois meses, alguns membros do Parlamento pressionam para que May peça um adiamento para que os deputados cheguem a um consenso. Keir Starmer, porta-voz trabalhista, disse que o pedido de adiamento é “inevitável”. “Estamos absolutamente despreparados para o Brexit. Poderia ser catastrófico”, disse.
O impasse tem alimentando preocupações de que os britânicos tenham de deixar a UE sem acordo, o que resultaria em tarifas sobre mercadorias que circulam entre o Reino Unido e o bloco, provocando filas, aumento de preço e escassez de produtos. Muitos economistas temem que o país mergulhe em recessão.
O secretário de Comércio Internacional, Liam Fox, escreveu em artigo publicado ontem no Sunday Telegraph que “o fracasso em não realizar o Brexit produziria uma enorme lacuna entre Parlamento e povo”. “Seria um cisma em nosso sistema político com consequências graves.” Segundo ele, a raiva da população poderia causar um “tsunami político”.
Desde que teve seu acordo rejeitado no Parlamento, May tem passado os dias se reunindo com deputados do governo e da oposição, em uma tentativa de encontrar um novo plano. As negociações, porém, produziram poucos sinais de mudanças radicais.
Irlanda
No fim de semana, Fox disse que uma possível solução para o impasse poderia ser um acordo com o governo irlandês, garantindo que não haverá controle de fronteiras entre a Irlanda, membro da UE, e a Irlanda do Norte, território que integra o Reino Unido.
Segundo ele, isso poderia diminuir as preocupações sobre a medida mais controversa do acordo – uma garantia conhecida como “backstop”, que manteria a Irlanda do Norte temporariamente na união aduaneira e uma fronteira aberta entre as duas Irlandas.
A questão irlandesa, no entanto é sensível para a base parlamentar de May. Em sua coalizão de governo está o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), legenda norte-irlandesa que é contra a proposta porque, segundo eles, deixaria a Irlanda do Norte em um regime diferente do britânico, o que significaria, na prática a unificação da ilha.
De acordo com o jornal Guardian, alguns deputados britânicos, que defendem um Brexit mais brando, estão preparando emendas ao novo plano de May. O objetivo seria usar regras parlamentares para tentar evitar um Brexit sem acordo e assumir o controle do processo de separação.
A deputada Nicky Morgan, do Partido Conservador, disse que ela e outros colegas da oposição trabalhista planejam introduzir um projeto de lei para garantir que, se a primeira-ministra não conseguir um acordo que seja aprovado pelo Parlamento até o fim de fevereiro, o Reino Unido pedirá que a UE adie a data de saída.
“Assim, poderemos construir um consenso e nos preparar mais para o Brexit”, disse. Adiar a saída, porém, não é simples. É preciso a aprovação de todos os 27 países-membros da UE.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.