Em meio à renúncia de membros de seu gabinete, a primeira-ministra britânica Theresa May fez uma forte defesa dos termos do acordo para o Brexit acertado ontem com a União Europeia e disse ter firmado como prioridade a busca das melhores condições possíveis para o Reino Unido.
“Rasgar o acordo do Brexit com a União Europeia seria irresponsável”, afirmou May, ao se manifestar diante do Parlamento britânico nesta quinta-feira. “Podemos escolher sair da UE sem acordo, sem Brexit ou apoiar o melhor acordo”, prosseguiu, reforçando que uma reunião especial do Conselho Europeu será convocada para 25 de novembro para tratar do Brexit.
May afirmou que o objetivo do governo é assegurar que a relação entre o Reino Unido e a EU esteja em vigor a tempo do Brexit. Ela pontuou que as negociações criaram a opção para que haja uma única extensão do período de implementação do processo de saída do Reino Unido da UE e ressaltou que, uma vez finalizado, o acordo será submetido ao Parlamento.
No pronunciamento, May afirmou que as negociações envolvem escolhas difíceis para todos, mas empenhou-se em agradecer aos auxiliares que optaram por deixar o governo diante do acerto de ontem. “Não concordamos com todas as escolhas, mas eu respeito as opiniões deles e agradeço sinceramente por tudo o que fizeram”, afirmou.
Diante da polêmica envolvendo o chamado backstop – garantia que, caso não haja acordo sobre as relações comerciais até o fim do período de transição, não seria reinstaurado um controle rígido de mercadorias e pessoas na fronteira entre as Irlandas – May acrescentou: “Não há acordo do Brexit que não envolva uma apólice de seguros irlandesa”.
Ela disse ainda que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, escreveu para o presidente do Conselho Europeu para comunicar que “foram feitos progressos decisivos nas negociações”. Segundo a premiê, um Conselho Europeu especial será convocado para o domingo, 25 de novembro. “Isso nos coloca perto de um acordo Brexit”, concluiu.
A primeira-ministra explicou que o que foi acordado ontem não se trata de um acordo final. “Trata-se de um projeto que significa que deixaremos a UE de forma harmoniosa e ordenada em 29 de março de 2019 e que estabelece o enquadramento para uma futura relação que atenda aos nossos interesses nacionais”, explicou, acrescentando que o documento recupera o controle das fronteiras, leis e dinheiro, protege empregos, segurança e integridade do Reino Unido e entrega itens que segundo ela, muitos disseram que simplesmente não poderiam ser feitos.
“Disseram-nos que tínhamos uma escolha binária entre o modelo da Noruega ou o modelo do Canadá. Que não poderíamos ter um acordo sob medida. Mas a Declaração Política Definitiva define um acordo que é melhor para o nosso país do que ambos – um acordo de comércio livre mais ambicioso do que a UE tem com qualquer outro país”, afirmou. “E nos disseram que seríamos tratados como qualquer outro país terceiro em cooperação de segurança. Mas a Declaração Política Definitiva define uma amplitude e profundidade de cooperação além de qualquer coisa que a UE tenha acordado com qualquer outro país”, continuou.