Médicos responsáveis pelo atendimento ao ex-deputado federal Roberto Jefferson descartaram nesta segunda-feira, 5, a possibilidade de traumatismo craniano. Preso em Bangu 8, na capital carioca, o aliado de Jair Bolsonaro (PL) teve uma queda dentro de sua cela e precisou ser transferido para o hospital particular Samaritano de Botafogo no domingo, 4.
De acordo com a sua advogada, Patrícia Rivoredo, ainda não há um diagnóstico fechado sobre a saúde de Jefferson. A fratura no crânio foi descartada por meio de uma tomografia. Depois da queda que aconteceu no domingo, o ex-deputado estava "com quadro de confusão mental, relatando ouvir vozes com mensagens inconsistentes com a realidade (alucinação auditiva)", diz o laudo médico.
Ele deve passar também por outros exames, para rastrear possíveis tumores. Jefferson perdeu 16 quilos durante os sete meses em que está preso. De acordo com a sua filha, Cristiane Brasil, ele está com pouco mais de 56 quilos. Pelas fotos divulgadas pela Secretaria de Administração Penitenciária, o ex-petebista tem quase 1,80m.
Nos dias 21 a 23 de outubro de 2022 o ex-deputado protagonizou uma série de atos que levaram ao seu retorno à prisão. Na noite do dia 21, sexta-feira, ele divulgou um vídeo nas suas redes sociais chamando a ministra do Supremo Cármen Lúcia de "bruxa" e comparando-a com uma prostituta, por causa do voto que ela deu em um caso envolvendo a Jovem Pan. Na ocasião, a magistrada ficou ao lado de seus pares na Corte e proibiu a empresa de comunicação de se referir a Lula por meio de termos considerados pejorativos, o que revoltou Jefferson.
Preso no âmbito do inquérito das milícias digitais, o ex-petebista havia conseguido ir para a prisão domiciliar em janeiro de 2022, por causa do seu estado de saúde. No entanto, ele descumpriu as normas estabelecidas pelo ministro Alexandre de Moraes para ter a benesse. Jefferson não poderia ter redes sociais e tampouco se comunicar com quaisquer pessoas fora de sua residência.
O desfecho do episódio aconteceu no domingo, 23. Moraes ordenou o retorno do ex-deputado para o regime fechado, mas ele resistiu à prisão. Agentes da Polícia Federal foram recebidos a tiros de fuzil e granadas na sua residência em Levy Gasparian, no Rio. Durante a semana, quando Jefferson já estava preso, foram apreendidas 7,6 mil munições para armas de diversos calibres na sua residência.
Figura antiga no cenário político, o ex-deputado foi o delator do Mensalão, esquema de pagamento de propinas no Congresso revelado durante o primeiro mandato de Lula. Nos últimos anos, Jefferson teve uma guinada para a extrema direita e passou a ser um apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro.