Daniil Medvedev fez o improvável neste domingo. Derrubou Novak Djokovic na final do US Open e impediu que o sérvio alcançasse recordes e marcas de peso em Nova York, nos Estados Unidos. Com uma exibição de gala, o tenista russo neutralizou o número 1 do mundo e aplicou 3 sets a 0 no favorito, com triplo 6/4, em 2h16min.
O atual número dois do mundo chegou enfim ao seu primeiro título de Grand Slam da carreira, em sua terceira final, confirmando seu bom momento no circuito. Medvedev se tornou o primeiro tenista da chamada NextGen a vencer um Slam. De quebra, se vingou de Djokovic, responsável por um duro 3 a 0 sobre o russo na final do Aberto da Austrália deste ano.
Mas o custo da derrota para o sérvio foi muito maior do que um vice-campeonato num dos maiores torneios do circuito. Djokovic chegou ao US Open deste ano para bater marcas históricas do tênis masculino. Ele poderia se tornar apenas o segundo homem da era aberta do tênis a fechar o Grand Slam, o chamado "calendar-year", ou seja vencer os quatro principais torneios do mundo numa mesma temporada. Ele venceu na Austrália, em Roland Garros e também em Wimbledon. Só faltava o US Open.
Somente o australiano Rod Laver obteve tal feito, em 1969, na era profissional do tênis, iniciada no ano anterior. Presente nas tribunas da quadra central do US Open, Laver também "fechou" o Grand Slam em 1962, assim como o americano Don Budge, em 1938, ainda na época amadora do esporte. Por estas duas grandes sequências de vitória, o australiano é apontado por muitos como o maior da história do tênis.
Djokovic poderia ainda se isolar como o recordista de títulos de Grand Slam, com 21 troféus. Com a derrota na final deste domingo, ele segue empatado com o suíço Roger Federer e o espanhol Rafael Nadal, todos com 20 títulos.
Na aguardada final deste domingo, Medvedev começou a partida mostrando parte do seu poder de fogo que faria Djokovic penar ao longo de três sets. Ele quebrou o saque do favorito logo no primeiro game da final. O sólido jogo de fundo de quadra se aliava ao serviço potente. O sérvio mal via a cor da bola em cada game de saque do rival.
Aparentando nervosismo nos primeiros games, o número 1 do mundo subiu um degrau e passou a sacar bem também, definido o esperado equilíbrio da final, apesar de estar uma quebra atrás no placar. Mesmo assim, sofria diante de Medvedev no saque. Djokovic venceu apenas três pontos nos games de serviço do russo.
O segundo set foi mais parelho, ao menos nos primeiros games. Até que o sérvio passou a se irritar com seus erros no quarto game e destruiu sua raquete no chão. Medvedev quebrou o saque de Djokovic em seguida e abriu a vantagem necessária para encaminhar a parcial e fazer 2 a 0 na decisão.
O tenista da Rússia iniciou o terceiro como fez no primeiro: quebrando o saque do favorito. Como se não bastasse a boa vantagem, Medvedev faturou outra quebra na sequência, abrindo inesperados 4/0 no set. A essa altura, o sérvio já havia recorrido a diferentes estratégias para tentar superar o duro rival: slices, deixadinhas, saque e voleio. Nada dava certo para o favorito, que fazia boa partida.
Por outro lado, tudo funcionava para Medvedev. Mesmo quando jogava mal, com decisões que até derrubavam sua estratégia de jogo, as bolas morriam no outro lado da quadra. Para ajudar, Djokovic desperdiçava chances incríveis. Até que veio o sétimo game e o russo cometeu dupla falta no seu primeiro match point. Desconcentrado, falhou novamente no saque e perdeu o serviço pela primeira vez na partida, esquentando de vez a final, diante do calor da torcida, que queria mais jogo.
No entanto, ao sacar novamente para fechar o jogo e o torneio, o russo mostrou maior equilíbrio, mesmo cometendo nova dupla falta em mais um match point. Em nova oportunidade, caprichou no serviço para selar a maior vitória de sua carreira.