Há pouco mais uma semana, Henrique Meirelles foi palestrante no Brazil Summit. O tradicional evento anual realizado em Nova York, pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, ocorreu no dia seguinte à votação da primeira fase do impeachment. Estava lotado. Meirelles, que é o nome de Temer para o Ministério da Fazenda caso assuma a Presidência, enumerou os itens que considera importantes para tirar o Brasil da recessão e iniciar a retomada do crescimento.
Defendeu a melhoria do ambiente de negócios para incentivar a volta dos investidores, especialmente na área de infraestrutura. Citou a importância da abertura comercial. Falou da necessidade de o País enfrentar reformas, como a da Previdência, que possam aliviar o crescimento dos gastos no longo prazo, frear e, mais adiante, a reduzir a dívida pública. Entrou até em temas polêmicos, ao dizer que é preciso suportar provisoriamente um aumento de impostos.
Quem conhece o “Uma Ponte para o Futuro”, documento que reúne propostas do PMDB para a economia, sabe que boa parte dessas medidas está lá. Apesar de alguns integrantes do PMDB refutarem aumento de impostos, respeitados especialistas em finanças públicas garantem que é impossível escapar de uma alta no curto prazo.
Se estiver valendo cada palavra que proferiu no evento, não há como negar que Meirelles estaria alinhado com um eventual governo de transição liderado por Michel Temer. Mas é preciso também lembrar que o documento reúne uma espécie de consenso entre os economistas ditos liberais, por assim dizer, e que existe um abismo entre a intenção e a possibilidade concreta de tirar cada proposta do papel. Não basta ser capaz de concordar com elas. A passagem de Joaquim Levy pela Fazenda mostrou isso.