O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta quarta-feira, 28, que o superávit primário do setor público consolidado em janeiro, de R$ 46,940 bilhões, decorre de efeitos sazonais, mas também da melhora da atividade econômica. O saldo primário positivo foi o maior da série histórica para qualquer mês desde dezembro de 2001. O resultado nominal positivo de R$ 18,626 bilhões no mês também foi o melhor da série.
“Há uma sazonalidade favorável em janeiro, com o recebimento de receitas no começo do ano, além de receitas não recorrentes como as do Refis. Mas também há um aumento na arrecadação de tributos que é consistente com uma economia que acelerou o ritmo de recuperação no fim do ano passado”, avaliou. “Há ainda um melhor controle de despesas por parte do governo”, completou.
Segundo ele, o superávit primário de R$ 10,536 bilhões dos governos regionais em janeiro foi positivo. “Ou seja, a melhora de desempenho do setor público consolidado no mês passado se deveu ao governo central”, apontou.
Rocha destacou também que a conta de juros registrou uma redução importante em janeiro, para R$ 28,314 bilhões, ante R$ 36,413 bilhões em igual mês do ano passado. Segundo ele, como o volume de swaps diminuiu, a exposição cambial da conta de juros também ficou menor.
“A redução da taxa Selic é principal razão para a queda da despesa com juros. E, com menos swaps, essa conta fica menos volátil e flutua com base no estoque e em seus principais indexadores”, explicou.
Sobre esses indexadores, ele projetou que o estoque da dívida deve continuar crescendo em 2018, enquanto a Selic será menor que a do ano passado e a inflação será ligeiramente maior que a de 2017.
Dívida líquida
Rocha disse que a alta de 0,2 ponto porcentual na dívida líquida do setor público (DLSP) em janeiro, para 51,8%, decorre principalmente da apreciação cambial no mês.
“O resultado nominal do setor público contribuiu para reduzir a dívida em 0,3 ponto porcentual (p..p.), mas o câmbio se valorizou 4,4% em janeiro. Isso reduz o valor dos ativos das reservas em dólar, o que elevou a dívida líquida em 0,7 p.p.”, explicou.
Segundo ele, o BC considera uma desvalorização do câmbio em fevereiro (em R$ 3,23) e por isso projeta que a dívida líquida encerrará o mês em 52,1% do PIB.