A Arábia Saudita e alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) entraram em conflito ontem sobre quem irá produzir a quantidade de petróleo em uma reunião controversa do grupo. De acordo com fontes, ontem, o ministro saudita do petróleo, o príncipe Abdulaziz bin Salman, disse em reunião reservada com alguns dos delegados africanos que as suas quotas de produção no grupo seriam reduzidas. Os delegados abandonaram a reunião sem chegar a um acordo, acrescentaram pessoas próximas.
Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, há sinais de tensões crescentes dentro do cartel, em meio a preocupações com o enfraquecimento da procura global de energia. A decisão será anunciada neste domingo em Viena, na Áustria.
A Arábia Saudita, líder de fato da Opep, exigiu que os pequenos produtores africanos reduzissem as suas quotas. Ao mesmo tempo, ainda conforte os relatos, o reino estaria em conversas com os Emirados Árabes, outro poderoso membro do grupo, para lhe permitir produzir mais.
Países africanos como Nigéria e Angola têm tido muitas vezes dificuldade em cumprir os seus atuais objetivos de produção por várias razões.
Procurados, os representantes dos ministérios da energia da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, da Nigéria, de Angola, da Guiné Equatorial, do Gabão e da República do Congo não comentaram.
A Opep e seus aliados russos, conhecidos como Opep+, se reúnem neste domingo em Viena para decidir sobre um plano de produção. O grupo de 23 membros é responsável por mais de metade da produção mundial de petróleo. Os delegados afirmaram que um corte na produção deverá sustentar os preços, no meio de preocupações de que o abrandamento da economia mundial possa reduzir a procura de energia.
No entanto, a maioria dos membros não quer abdicar das quotas de produção que lhes foram atribuídas, considerando impacto em suas receitas globais. Se for aprovado, o corte de produção será o terceiro dos membros da Opep+ desde outubro do ano passado, quando reduziram a produção em 2 milhões de barris por dia.
Em Abril, alguns dos maiores membros do grupo, incluindo a Arábia Saudita e a Rússia, cortaram mais 1,6 milhões de barris por dia. A decisão de cortar a produção foi criticada pelos Estados Unidos, que na altura tinham pedido à Arábia Saudita e à Opep que aumentassem a produção para ajudar a controlar a inflação. A decisão levou a acusações americanas de que Riad, capital da Arábia Saudita, estava do lado de Moscou na invasão russa da Ucrânia.
O Brent, a referência internacional do petróleo, caiu mais de 20% desde que a Opep e os seus aliados agitaram o mercado com cortes na produção em outubro. Não há expectativa de que um novo corte na produção neste domingo provoque qualquer reação importante por parte de Washington, uma vez que a maioria dos analistas espera que os preços do petróleo continuem a apresentar uma tendência de baixa.
(Dow Jones Newswires)