Estadão

Menos casos de covid e protestos fazem províncias do Canadá derrubarem restrições

Com casos de covid-19 em queda e pressionados por protestos de caminhoneiros há mais de uma semana, um número crescente de províncias canadenses começou a suspender as regras restritivas de contenção da pandemia. Alberta, Saskatchewan, Quebec e Ilha de Príncipe Eduardo anunciaram nesta semana planos para reverter algumas – em alguns casos, todas – as medidas restritivas existentes.

O governo de Saskatchewan informou que a exigência da prova de vacinação ou apresentação de teste negativo para entrada em espaços públicos e compartilhados acaba na segunda-feira, 14. Alberta e Ilha de Príncipe Eduardo, em abordagens mais conservadoras, apresentaram planos de reabertura divididos em três etapas. Todas as províncias mencionam os dois anos de enfrentamento a pandemia e o enfraquecimento da atual onda da covid-19 no país como motivo para as medidas.

"Os últimos dois anos tiveram um impacto significativo na saúde geral, no bem-estar social e econômico dos habitantes de Alberta. Agora que passamos pelo pior da quinta onda e alcançamos altas taxas de vacinação, é hora de mudar para uma abordagem equilibrada, na qual possamos conviver com o covid-19 e voltar ao normal", afirmou Jason Kenney, primeiro-ministro de Alberta, na terça-feira, 8, um dia após caminhoneiros do "Comboio da Liberdade" bloquearem a Ambassador Bridge – uma das principais vias que ligam o Canadá e os EUA.

O momento escolhido para o início da reabertura e a referência feita por Kenney aos não vacinados – comparando a estigmatização deste grupo à sofrida por portadores de HIV nos anos 1980 – gerou polêmica e um pedido de desculpas nesta quarta-feira, 9. A líder da oposição na província, Rachel Notley, acusou o premiê de permitir um "bloqueio ilegal de ditar medidas de saúde pública".

Berço dos protestos e maior província do Canadá, Ontário ainda não manifestou nenhum sinal de reabertura e está aderindo ao que chama de abordagem "muito cautelosa" à pandemia, não recuando de uma abordagem em fases para suspender as restrições.

"Atualmente, não temos planos de abandonar a situação do passaporte de vacinação ou uso de máscara. Acreditamos que a máscara será importante por algum tempo", disse a vice-premiê e ministra da Saúde da província, Christine Elliott, que acrescentou que seu governo segue o conselho de especialistas médicos.

"Sempre dissemos que adotaremos uma abordagem muito cautelosa, gradual e prudente para a abertura e esse é o caminho que seguiremos", completou.

<b>Comboio da Liberdade</b>

Alguns manifestantes do chamado "Comboio da Liberdade" protestam contra uma regra que entrou em vigor em 15 de janeiro, exigindo que os caminhoneiros que entram no Canadá sejam totalmente imunizados contra a covid-19. Mas os protestos também reuniram críticos da obrigatoriedade do uso de máscaras e de outras restrições impostas pela pandemia, ao ódio pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau.

Parte do grupo que protesta pelo país tem pedido a remoção de seu governo, embora a maioria das medidas restritivas tenham sido implementadas pelos governos provinciais.

As restrições pandêmicas foram muito mais rígidas no Canadá do que nos EUA, mas os canadenses as apoiaram amplamente. A taxa de mortalidade por covid-19 do Canadá é um terço da dos EUA.

"Estamos todos cansados, sim, estamos todos frustrados, mas continuamos lá um para o outro. Continuamos a saber que as regras e orientações da ciência e da saúde pública são o melhor caminho para essa pandemia", disse Trudeau no Parliament Hill de Ottawa.

Apesar dos planos de Alberta de descartar as medidas de saúde pública, o protesto continuou. "Estamos aqui pelo grande quadro. Começou com a fronteira, começou com Trudeau e, até que Trudeau se saia, nós não saímos", disse John Vanreeuwyk, que participa da manifestação em Alberta. (FONTE: ASSOCIATED PRESS)

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