Opinião

Mentir (e errar) é fácil demais

Uso de novo o trecho de música do inesquecível Renato Russo para tocar em um tema que muita gente não gosta mas faz parte de nossas vidas: a mentira. E, justamente por ser fácil mentir, ela é tão presente. Aliás, alguns se escondem atrás de suas incompetências, proporcionando inverdades, plantando informações falsas, só para esconder suas próprias deficiências.


Parece ser inerente ao ser humano – há exceções – buscar nos outros as explicações para seus próprios fracassos. Não é difícil lidar com essas situações a todo o tempo. Repare como perturba o fato de alguém, que você tem a convicção de que errou, ficar argumentando, buscando justificativas em outrem para minimizar suas falhas. Isso é o que a gente mais esbarra no dia-a-dia. É aquela velha história. “Eu errei. Eu menti. Mas é que…”. Justamente, o “mas é que” pode ser a deixa daqueles que fogem à realidade.


 


Nesses momentos, seria tão bom se as pessoas assumissem suas falhas. Ao admitir erros e mentiras, quem sabe não voltariam a repetir as mesmas mazelas. Mas a sociedade vivencia isso e até propaga essa máxima, arraigada em nossa cultura.


Eu não me lembro de ter tido uma disciplina dessas na faculdade de Jornalismo. Mas – pelo tanto que nossos nobres coleguinhas utilizam esse tal de “mas é que” – dá até para imaginar que isso faz parte do currículo. Sou um jornalista, formado há exatos 20 anos (isso é tema para um texto em breve), e me orgulho demais desta profissão.


Mas é que… como tem sujeitos prepotentes, despreparados e senhores de si entre nós… São professores de Deus, para não dizer outra coisa. Um sabe mais que o outro. É um tal de se achar que dá até medo. Ainda mais quando a gente pensa que são esses seres “iluminados” os responsáveis por bem informar a população.


 


O tanto de resquícios ideológicos e partidários que carregamos daria para povoar todo um país de grandes dimensões territoriais. E não me excluo disso, não. Afinal, somos humanos – e como tais – erramos. O problema talvez seja exatamente esse. Alguns se julgam acima dos céus.


 


Aí, quando isso ocorre – perder a sensação do que é céu e do que é terra – a imprensa erra. Erra ao ignorar a mente das pessoas de bem. Erra ao engolir versões oficialescas de fatos mal apurados ou que interessem ao poder dominante. Erra quando se deixa usar por esses interesses. Afinal, errar – como mentir – é fácil demais.


 


Ernesto Zanon


Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo


No Twitter: @ZanonJr


 

Posso ajudar?