O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, voltou a reclamar do patamar da taxa de juros do País nesta quinta-feira, 6, durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). "O crédito segue sendo um grande problema", disse. Ele citou que, enquanto houve um aumento de 209% em projetos protocolados no BNDES, o desembolso só subiu 21% neste semestre. Para Mercadante, essa distância é explicada pela taxa Selic.
"O que é essa distância? Não é só o rigor da máquina do BNDES, é que no meio disso estamos com a maior taxa de juros do mundo", disse Mercadante. "Além de inibir investimento, estamos aumentando a dívida pública", continuou.
O presidente do BNDES ainda destacou o projeto já aprovado no Congresso que estipula que até 1,5% do saldo dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) repassados ao BNDES, utilizados no apoio a operações de inovação e digitalização, sejam remunerados pela Taxa Referencial (TR). Segundo Mercadante, apesar do montante destravado de R$ 5 bilhões com a medida, o banco pode fazer um "mix" de taxas, entre a TR e TLP, que irá baratear o custo e agilizar investimentos. O uso da ferramenta ainda depende de regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"São só R$ 5 bilhões neste ano, mas podemos fazer mix da taxa de juros, posso botar um pouco da TR e um TLP, e com isso barateia custo e agilizo investimentos", disse Mercadante, que defendeu que o País tenha "ousadia" nas políticas para o setor industrial. "Temos que sair da visão de curto prazo e pensar em metas e rumos", afirmou.
O presidente do banco ainda disse que o Brasil pode usar a "bipolaridade" nas relações entre China e Estados Unidos para aproveitar oportunidades e adensar a cadeia industrial. "O BNDES voltou a ter crédito externo, temos possibilidade de alavancar financiamentos", disse.