A confirmação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES reduziu o ímpeto de queda do dólar no mercado local, em meio à deterioração dos demais ativos domésticos. A moeda americana, que havia começado a tarde na casa de R$ 5,25 fechou o dia no segmento à vista em R$ 5,3153 (+0,07%). A alta só não foi mais intensa por causa da forte baixa da divisa dos Estados Unidos no exterior, em meio a dados mais fracos da inflação ao consumidor (CPI) e à valorização das commodities.
Anunciado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o nome de Mercadante para o BNDES reaviva no mercado os temores de uma inclinação heterodoxa no terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além da própria visão econômica pessoal, o ex-ministro é visto pelos agentes como "sócio" da gestão de Dilma Rousseff, de quem foi chefe da Casa Civil, que desaguou na crise de 2015-16.
O mercado também acompanha a formação do restante da equipe econômica, no aguardo dos ministros do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. Há ainda um olhar atento com as escolhas que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará para o seu secretariado. Hoje, foi anunciado o ex-presidente do Banco Fator Gabriel Galípolo como secretário-executivo, o número dois da pasta.
Toda a movimentação em torno da escalação da equipe econômica hoje acabou se sobrepondo, nos minutos finais, à pressão de queda externa.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,1% em novembro, na comparação com outubro. A mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast apontava para alta maior, de 0,2%. Também ficou abaixo do consenso o núcleo do CPI, que veio em 0,2% ante expectativa de 0,3%.
Os números chancelam a provável desaceleração no ritmo de aumento de juros pelo Federal Reserve amanhã, além de colocar pressão sobre o discurso de Jerome Powell, que em suas mais recentes falas soou mais dovish, apesar de declarações hawkish de dirigentes que compõem o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
Os dados do CPI fizeram com que o DXY operasse em queda firme, na casa de 104 pontos, o que impulsionou as cotações de commodities. O petróleo Brent voltou a romper a marca de US$ 80 por barril, perdida na semana passada. Com os materiais básicos em alta, as moedas dos países que os exportam também se valorizam.
No mercado futuro, o dólar para janeiro recuou aos R$ 5,3145, baixa de 0,66%. O giro financeiro ficou em US$ 14,25 bilhões.