Economia

Mercado de trabalho continua em distensão com desocupação crescente, diz BC

O mercado de trabalho brasileiro continua em processo de distensão, com taxa de desocupação crescente, segundo avaliação do Banco Central. Em boxe do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta terça-feira, 27, o BC destaca que a população ocupada e os rendimentos reais estão em declínio.

Segundo o BC, o recuo da população ocupada conjugado com o crescimento da força de trabalho a taxas superiores às do crescimento da população em idade de trabalhar resultou em expressivo crescimento no número de desempregados, que atingiu 11,8 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho de 2016, ante 8,6 milhões em julho de 2015. O recuo do emprego ocorreu na maior parte das categorias de trabalhadores, concentrando-se na de empregados do setor privado com carteira assinada.

Na avaliação do BC, o recuo do emprego com carteira assinada concomitante ao aumento do trabalho por conta própria sugere ter havido um processo de migração de trabalhadores do primeiro grupo para o segundo. Para o BC, os dados confirmam que há uma mudança na estrutura ocupacional do mercado de trabalho no período recente, com empregados com carteira migrando para a categoria de trabalhadores por conta própria.

A análise mostrou também aumentos dos fluxos líquidos de empregados com e sem carteira e, mais recentemente, de trabalhadores por conta própria, para a categoria de desocupados. Além disso, segundo o BC, a quantidade de desocupados tem apresentado crescimento devido ao aumento do fluxo líquido de pessoas que se encontravam fora da força de trabalho.

Processo de desinflação

O Banco Central reconhece que há processo de desinflação em curso no Brasil, mas observa que o movimento não tem sido linear e a velocidade desse movimento ainda parece incerta. “A evolução dos preços evidencia processo de desinflação em curso”, cita o Relatório Trimestral de Inflação.

“Os índices de preços, embora desacelerassem no trimestre encerrado em agosto, registraram inflação acima das expectativas para o período, refletindo arrefecimento de preços em intensidade inferior ao padrão sazonal. A despeito desse comportamento recente, as perspectivas são de continuidade do processo de desinflação nos próximos trimestres”, menciona o documento, ao lembrar que as previsões do mercado coletadas pela pesquisa Focus também mostram essa desaceleração dos preços.

Apesar de reconhecer o processo, o Relatório menciona que a “a velocidade de desinflação permanece incerta”.

Nesse processo, o BC destaca “a continuidade do arrefecimento da inflação de alimentos, a dissipação dos efeitos de reajustes do grupo educação e a queda dos preços de itens influenciados pelas Olimpíadas devem favorecer a desaceleração da inflação ao consumidor”.

Sobre os alimentos, o BC ressalta que “a desaceleração dos preços do subgrupo alimentação no domicílio foi inferior ao padrão sazonal, repercutindo efeitos remanescentes do El Niño sobre a oferta de produtos agropecuários, especialmente cereais e leite e derivados”.

Exterior

O Banco Central manteve no Relatório Trimestral de Inflação a avaliação de que a economia global oferece um período favorável às economias emergentes. Apesar disso, a instituição cita que persistem as incertezas relacionadas ao crescimento global e ao processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos.

“No cenário externo, no que tange às condições de liquidez e risco, vem constituindo um interregno benigno para ativos de economias emergentes”, cita o documento ao repetir o termo usado na mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom) no início do mês. Para o BC, uma das principais razões para o período benigno para os emergentes está na crença de que a liquidez internacional continuará abundante.

O Relatório reconhece que há incertezas sobre o crescimento global e processos como a saída do Reino Unido da União Europeia. Por isso, o BC menciona que a “dinâmica da economia global permaneceu frágil e heterogênea, no segundo trimestre do ano, com incertezas associadas ao ritmo de crescimento e a riscos deflacionários em importantes economias globais”.

Nesse ambiente, autoridades monetárias internacionais reafirmaram a estratégia expansionista com manutenção de juros baixos e ampliação de iniciativas para aumentar a liquidez disponível. Por isso, os ativos têm evoluído positivamente. “A despeito da ocorrência de instabilidades pontuais, os mercados financeiros globais operaram em ambiente de menor aversão ao risco, que se estendeu a agosto, refletindo, em especial, expectativas de manutenção dos juros básicos, em nível reduzido, nas principais economias maduras”.

“A expectativa de persistência da liquidez internacional elevada impactou os rendimentos de títulos públicos de longo prazo em importantes economias maduras e favoreceu o alongamento dos prazos de novas emissões soberanas. Observaram-se recuos relevantes nos retornos anuais de papéis de dez anos do Reino Unido, dos EUA e da Alemanha no trimestre encerrado em agosto, enquanto no Japão o retorno de títulos similares registrou elevação”, cita o documento, ao lembrar que a onda positiva também ajudou mercados acionários de países desenvolvidos.

Nos emergentes, vários indicadores de risco mostraram queda significativa, como o índice de risco soberano Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+) e o Chicago Board Options Exchange Volatility Index (VIX).

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