Economia

Mercado eleva aposta na alta do juro para 0,5 ponto

As apostas numa intensificação da alta de juros na reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) de quarta-feira, 03, estão aumentando e atingiram 100% nos negócios do mercado futuro de juros, na manhã de segunda-feira, 1. Entre os economistas, a cautela é um pouco maior do que entre os investidores. Ainda assim há um claro movimento dos departamentos de economia de elevar de 0,25 ponto porcentual para 0,5 ponto as estimativas para o resultado da reunião.

Por trás dessa determinação está, antes de mais nada, a percepção dos investidores em relação à equipe indicada para comandar a economia no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. A consolidação, no entanto, deveu-se à sinalização do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que, ao discursar na pequena cerimônia que marcou o anúncio oficial de seu nome para permanecer à frente do BC por mais quatro anos, colocou dúvidas sobre a continuidade da oferta da ração diária de contratos de swap cambial, a partir de janeiro.

Apesar de ter garantido a rolagem do estoque de cerca de US$ 100 bilhões de swaps, de acordo com a demanda dos investidores, e de ter prometido os leilões de venda com recompra, já habituais no fim de ano – garantindo a liquidez à vista em momento de demanda sazonal e também de hedge -, Tombini acrescentou que, na avaliação do BC, a demanda existente até o momento por proteção está atendida. Assim, demonstrou a intenção de intervir menos no mercado de câmbio, ainda que a moeda americana continue pressionada. Afinal, as pressões de alta do dólar são, acima de tudo, internacionais.

Para quem duvida disso, basta comparar a trajetória da moeda americana em relação ao real, com o caminho que o dólar fez ante uma cesta de seis moedas – um ativo chamado dólar index. Apesar dos momentos de forte volatilidade principalmente durante a campanha eleitoral, no acumulado do ano, a alta do dólar ante ao real está em 8,06%. Em comparação à cesta de moedas, a valorização é maior, de 9,69%. Pode-se dizer, então, que essa diferença é o impacto do programa de intervenções do BC. E ainda que – como é consenso – o programa pesa pouco e é inócuo para mudar a tendência internacional.

A percepção de que o BC deixará o dólar correr mais solto soma-se, então, ao diagnóstico do próprio Copom de que o maior risco inflacionário do momento é cambial e à ortodoxia da nova equipe econômica. A consequência é a elevação das projeções para a Selic no curto prazo. Afinal, nomes mais conservadores sinalizam que haverá menos tolerância com inflação alta. E motivos não faltam para acreditar que a inflação continua pressionada.

Na quinta-feira, 27, antes do anúncio dos nomes da nova equipe econômica, pesquisa do AE Projeções com 76 instituições financeiras mostrava que 45 esperavam alta de 0,25 ponto porcentual no juro básico, enquanto 30 acreditavam em 0,5 ponto e uma, em 0,75 ponto. Porém, desde então, alguns bancos revisaram sua estimativa. Nos negócios, a aposta era de 73% em alta de 0,5 ponto na Selic no fechamento de quarta-feira. De lá para cá, o ajuste foi constante até os 100% de ontem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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