Mesmo sem clareza sobre quais serão os candidatos na corrida presidencial, o mercado financeiro aposta que deve ocorrer em 2019 um fenômeno visto após a eleição dos últimos presidentes da República: o aumento de juros.
Números detalhados da pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central mostram que, entre analistas, prevalece a aposta de que a taxa Selic subirá já no primeiro mês do novo governo. O fenômeno é o mesmo visto no primeiro mês de Dilma Rousseff, em 2011, e Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Na época, analistas encararam o movimento como uma ação para tentar imprimir “choque de credibilidade” da nova autoridade monetária.
A pesquisa Focus divulgada na manhã desta terça-feira, 2, mostra que há consenso de que o juro básico da economia cairá novamente em fevereiro em 2018, para 6,75% ao ano. A partir daí, a taxa seguiria estável no decorrer do ano eleitoral e voltaria a subir logo na primeira decisão sobre o rumo do juro com o novo governo.
Analistas preveem que o Banco Central deve elevar o juro em 0,25 ponto no primeiro mês sob a nova presidência da República em janeiro de 2019, o que o levaria para 7%. A mesma dose seria repetida nas reuniões de fevereiro e março, com Selic em 7,25% e 7,50%, respectivamente. O ciclo de alta do novo governo terminaria em abril de 2019, com alta de 0,50 ponto e juro em 8%.
Esse é o mesmo fenômeno visto após as eleições presidenciais de 2002 e 2010 – quando a Presidência foi trocada.
Quando a ex-presidente Dilma Rousseff tomou posse em 2011, o juro estava estacionado em 10,75% e subiu 19 dias depois para 11,25%. O movimento se repetiu nas quatro reuniões seguintes e o juro alcançou 12,5% em julho. Além da chegada do então presidente Alexandre Tombini, a inflação também começava a subir com mais força e chegou a superar os 7% ainda no primeiro ano de Dilma.
Em 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Palácio do Planalto, o BC comandado na época por Henrique Meirelles continuou o movimento iniciado pelo antecessor Armínio Fraga e os juros continuaram subindo no novo governo.
Em janeiro daquele ano, a Selic aumentou 0,50 ponto, para 25,5%. Meirelles e a direção do BC anunciaram nova alta de 1 ponto porcentual em fevereiro e chegaram a indicar viés de alta para o juro em março, quando o juro não subiu.