Mercado realiza lucros e juros desaceleram queda em dia de IPCA-15 histórico

Os juros futuros fecharam o dia com viés de alta nos vencimentos curtos e em baixa nos longos, nesta terça-feira, 26, marcada pela divulgação do IPCA-15 mais baixo da história do Plano Real. Pela manhã, as taxas caíam com mais força em reação à deflação de 0,59% mostrada pelo índice, que elevou as apostas num novo corte de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom de junho, em meio ainda ao tombo do dólar e ao exterior positivo. No começo da tarde, passado o leilão de NTN-B, o ímpeto de fechamento das taxas esfriou, com a ponta curta já operando levemente acima dos ajustes de ontem e as taxas longas bem distantes das mínimas.

Fatores relacionados ao leilão, que foi significativamente maior do que o das últimas semanas, e uma certa cautela com o cenário político acabaram por puxar uma realização de lucros, considerando ainda que as taxas já haviam caído ontem com força. A realização de lucros só não avançou mais em função do dólar, que no fechamento da etapa regular derretia mais de 2%, abaixo dos R$ 5,35.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou em 2,385%, de 2,382% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 subiu de 3,20% para 3,24%. O DI para janeiro de 2025 terminou a sessão regular com taxa de 6,01%, de 6,10% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 7,06% para 6,98%.

"O leilão foi grande e uma parte do movimento é o fato de ontem o mercado já ter andado muito", comentou um gestor, para explicar a redução da queda das taxas. O Tesouro ofertou 1,6 milhão de NTN-B, mais que o dobro da oferta anterior de 650 mil. A instituição vendeu todo o lote de 1,5 milhão de papéis curtos e pouco mais de um terço (34.750) dos 100 mil títulos longos. Nas mesas, os relatos são de que as taxas do leilão foram "amassadas" e que a deflação do IPCA-15 que saiu logo na abertura acabou por melhorar o mercado e elevar a demanda pelos títulos.

Outro efeito do IPCA-15 foi sobre a precificação da curva em relação às apostas para a Selic, com avanço da expectativa de queda de 0,75 ponto na atual taxa de 3,00% na reunião de junho, o que deixa, assim, o mercado dividido. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a curva apontava no fim da tarde 56% de chance de corte de 0,75 ponto contra 44% de probabilidade de redução de 0,5 ponto.

A ressaca com o leilão de NTN-B no início da etapa vespertina coincidiu ainda com a informação de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faria pronunciamento na abertura da sessão, num dia de operação da Polícia Federal (PF) na casa do governador do Rio, Wilson Witzel, mas o tom das declarações trouxe alívio ao mercado. Na sequência de Maia, o empresário Paulo Marinho, ao sair da PF onde havia prestado novo depoimento, disse que havia trazido "elementos materiais de prova sobre vazamento" e mencionou celular do ex-ministro Gustavo Bebianno que está guardado nos Estados Unidos.

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