O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, avaliou nesta segunda-feira, 18, que o mercado regulado de carbono, em discussão no Congresso, deverá ser um instrumento importante para a integração do Brasil no comércio global. A declaração foi dada após o secretário ser questionado sobre as colocações feitas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a inserção ainda não ideal do Brasil nas cadeias globais. Como mostrou mais cedo o <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a entidade apontou que o País permanece "significativamente" menos integrado ao comércio internacional do que outras economias de mercados emergentes de tamanho semelhante, além de ser prejudicado por "muitas barreiras comerciais", que afetam uma maior integração nas cadeias globais de valor.
Citando acordos comerciais em negociação, Mello defendeu que o governo brasileiro segue de "forma ativa" buscando acordos e parcerias para integração nas cadeias de valor, reconhecendo, por sua vez, a complexidade da política comercial. "Tem bastante ex-tarifários, é uma coisa complexa de se analisar", pontuou o secretário sobre o instrumento que permite a redução temporária da taxa de importação de Bens de Capital (BK) e Bens de Informática e de Telecomunicações (BIT).
Ele avaliou, por outro lado, que o "mais importante" para o caso brasileiro será intensificar o processo de integração com a economia global já sob as novas bases tecnológicas e de tendência de descarbonização. "O mais importante nesse processo de integração é fazer isso na nova indústria que surge e crescer no próximos anos em diálogo com novas tecnologias e tendências de descarbonização", disse. "Como o ministro tem repetido, o caminho para o mundo não é aumento da fragmentação, que temos visto nos últimos anos, também não é retomar globalização da década de 90 que gerou um conjunto grande de desigualdades. É construir a nova globalização baseada nos critérios sociais e ambientais", concluiu.
Mello também foi questionado sobre a resistência do agronegócio em apoiar a proposta do mercado regulado de carbono elaborada pelo governo. Ele ponderou que o setor agrícola em raros casos é regulado nos mercados de outros Países, mas defendeu a proposta brasileira. "Acreditamos que é possível incluir parte do setor agrícola no mercado de carbono brasileiro. O nosso setor agrícola é moderno e adota práticas sustentáveis, seria beneficiado pela inclusão no mercado regulado de carbono", disse, ao ressaltar que o agronegócio nacional é altamente tecnológico. O secretário destacou que, além do mercado de carbono, há outros instrumentos que podem ser usados para fortalecer práticas da agricultura.