O número de operações de fusão e aquisição na América Latina entre abril e junho deste ano foi o menor desde o primeiro trimestre de 2010, segundo o relatório mensal sobre fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira, 29, pela Merrill DataSite em parceria com Mergermarket. No segundo trimestre deste ano, 109 transações foram anunciadas, contra 105 dos primeiros três meses de 2010. Em contrapartida, o valor das operações do segundo trimestre de 2014 somou US$ 40,1 bilhões e foi o maior registrado desde o segundo trimestre de 2012, quando 203 operações totalizaram US$ 46,4 bilhões. O valor negociado entre abril e junho é 75% maior do que os US$ 22,9 bilhões das 133 transações realizadas no primeiro trimestre deste ano.
O Brasil saiu na frente e realizou 56 operações de fusão e aquisição no segundo trimestre, no valor total de US$ 16,5 bilhões, seguido por México e Chile. Embora as negociações de M&A realizadas no Brasil correspondam a 41% do valor transacionado e a 51% do número de operações realizadas na América Latina no trimestre, o cenário econômico no País afastou os investidores estrangeiros. Na visão dos analistas Fabio Lopes e Raquel Mozzer, a economia brasileira segue na tendência negativa – com taxa de inflação acima do esperado e expectativa de crescimento abaixo de 1% – e este panorama deve prejudicar ainda mais o volume dos negócios brasileiros de M&A no próximo trimestre.
Na região latino-americana, o setor de energia, mineração e serviços de utilidade pública continua sendo o mais ativo, com 20 transações no trimestre, totalizando US$ 8 bilhões. Na sequência aparecem o setor de serviços financeiros e o de transportes. Entre as seis operações do setor de transportes, a aquisição da América Latina Logística (ALL) pela Rumo Logística por US$ 4,1 bilhões está entre as dez maiores operações anunciadas no período. De acordo com o relatório, a maior transação do trimestre foi a oferta voluntária do Banco Santander de adquirir 25% do Banco Santander Brasil por US$ 6,5 bilhões, anunciada em abril.
A publicação também traz classificação dos consultores financeiros na América Latina no trimestre. O Itaú BBA ficou em primeiro lugar no ranking por volume, com 11 operações no período. Na sequência aparecem os bancos Santander e Citi. A surpresa ficou com o BTG Pactual, que ocupava o primeiro lugar no 2tri13 e agora está na oitava posição. No ranking por valor de operações, o primeiro lugar ficou com o Goldman Sachs, que fez cinco transações no valor total de US$ 13 bilhões. O Itaú BBA, que estava no topo no segundo trimestre de 2013, ficou com a décima-quarta posição neste ano.
Em relação aos consultores jurídicos envolvidos em negociações de M&A na América Latina no segundo trimestre de 2014, Pinheiro Neto Advogados ficou em primeiro lugar no ranking por número de operações e em quarto lugar na classificação por valor transacionado. O escritório foi responsável por sete operações no valor total de US$ 7,7 bilhões.
Visão global
Foram anunciadas 3.727 transações de fusão e aquisição no segundo trimestre de 2014 em todo o mundo, totalizando US$ 957 bilhões. O volume é 6% maior do que o registrado no trimestre imediatamente anterior, mas o valor negociado apresentou aumento de 72%. A região que apresentou maior crescimento foi a América do Norte, onde o valor negociado em operações de M&A aumentou 128% e o número de transações cresceu 28% na comparação anual. Segundo relatório, a recuperação na Europa foi mais moderada, com aumento de 43% no valor transacionado e queda de 5% no número de operações na mesma comparação.