Estadão

Mesmo sem autorização, blocos desfilam pelas ruas do Rio no carnaval

Mesmo sem autorização da Prefeitura, cortejos de blocos carnavalescos ganharam as ruas do Rio neste Dia de Tiradentes, primeiro dia do feriadão escolhido para o carnaval carioca fora de época. Os cortejos começaram desde cedo, com desfiles no Centro e em bairros da zona sul, com referências aos temas mais variados da atualidade e foliões exibindo as mais criativas fantasias, como é típico do carnaval de rua, cujas edições de 2021 e 2022 foram atrapalhadas pela covid-19.

No Centro, desfilaram grupos de foliões criados recentemente, como Amores Líquidos e Pantanal Gostoso Demais, que procurou homenagear a clássica telenovela da extinta Rede Manchete, cuja refilmagem está no ar atualmente na TV Globo. Ainda de manhã, o bloco infantil Baticum seu Pequeno ganhou as ruas do Humaitá, na zona sul. À tarde, no Centro, foi a vez do bloco Desculpa o Transtorno.

O cenário é semelhante ao do carnaval, no fim de fevereiro e início de março passados. Por causa do recrudescimento da pandemia de covid-19 verificado no início deste ano, não houve festejos oficiais durante o carnaval. Mesmo assim, os foliões tomaram as ruas do Rio em cortejos sem autorização.

Ao cancelar os festejos nos dias de carnaval, a Prefeitura carioca decidiu, então, organizar uma festa fora de época neste feriadão de Tiradentes. Só que apenas os desfiles das escolas de samba, no Sambódromo, foram autorizados e tiveram apoio das autoridades. Os blocos de rua ficaram de fora.

Representantes dos blocos de rua criticaram e denunciaram a falta de apoio e o tratamento tido como desigual. Muitos anunciaram desfiles – uma programação, com cortejos dia a dia, vem sendo compartilhada nas redes sociais e via aplicativos de mensagens. Membros de alguns blocos tradicionais se reuniram num protesto, no Centro do Rio, no último dia 13.

Procurada, a Secretaria municipal de Ordem Pública e da Defesa Civil (Seop) informou que trabalha "em toda a cidade como objetivo de garantir o ordenamento urbano, fluidez do trânsito e auxílio na segurança, em especial, nos desfiles do Sambódromo e Intendente de Magalhães, praias, pontos turísticos, rodoviária e aeroportos". A pasta não respondeu se contabilizou quantos blocos de rua desfilaram, apesar da falta de autorização, nem mencionou incidentes.

"Toda a cidade está sendo monitorada pela Prefeitura e, se necessário, ações serão realizadas para garantir o melhor funcionamento do município", diz uma nota divulgada pela assessoria de imprensa da Seop.

Nos últimos dias às vésperas do feriadão, o prefeito Eduardo Paes (PSD) e seus secretários declararam que não haveria repressão aos cortejos, mesmo sem autorização oficial.

Normalmente, em carnavais regulares, a maioria dos blocos de rua do Rio desfila com trajetos demarcados pela Prefeitura, com apoio oficial para a instalação de banheiros químicos, reforço nas equipes de limpeza da estatal Comlurb e cadastramento de vendedores ambulantes de bebida, tudo isso com patrocínio de empresas. Nos últimos anos, entre 400 e 500 grupos desfilavam pelas ruas da cidade a cada carnaval, arrastando milhões de foliões na soma de todos os dias de festa.

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