Técnica erudita, sentido de improviso jazzístico, balanço caribenho – é tudo isso que costuma sair das mãos de um grande pianista afro-cubano. Quando dois deles, ambos mestres, se reúnem para tocar juntos, o resultado pode ser nitroglicerina pura, e levar a plateia ao êxtase. É o que se espera do espetáculo batizado como Trance, com dois monstros sagrados do piano cubano e universal – Chucho Valdés e Gonzalo Rubalcaba. Os dois músicos se apresentam no Brasil dias 29 (na Sala São Paulo) e 31 (na Sala Cecília Meireles, no Rio), às 21h. Os ingressos para as duas apresentações já estão à venda.
Não será a primeira visita dos dois ao Brasil. Pelo contrário, ambos são habitués da Terra Brasilis, admiram a nossa música, falam com familiaridade dos nossos compositores e já tocaram com instrumentistas patrícios. Dividiram palco com Ivan Lins. Chucho Valdés gravou um álbum com Ivan e fez dueto ao piano com João Donato. Rubalcaba tocou um empolgante O Ronco da Cuíca com ninguém menos que o autor da peça, João Bosco. Mas será a primeira vez que se apresentam juntos no País.
São artistas de duas gerações diferentes. Chucho nasceu em Quivicán, há 76 anos. Rubalcaba em Havana, há 55. Ambos vêm de famílias musicais. Os dois reivindicam as mesmas influências – a força rítmica afro-cubana como centro de gravidade e a abertura para o que o mundo pode oferecer de melhor em termos de música, venha ela dos Estados Unidos, Brasil, Europa ou, como lembra Rubalcaba, da Argentina.
Essa abertura ao diálogo, em particular com o Brasil, vem de longe. No caso de Chucho, da própria infância, vivida na Cuba pré-revolucionária. “Meu pai, o pianista Bebo Valdés, tocava na famosa Tropicana. Eu era um menino e ficava impressionado com as músicas brasileiras que lá se ouviam, em especial as de Ary Barroso”, contou em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo. “Admirávamos a sofisticação tanto rítmica como harmônica daquelas músicas que surgiam de um país que não conhecíamos”, lembrou.
Rubalcaba é outro frequentador habitual do Brasil. “Tive a sorte de vir com frequência fazer meus intercâmbios musicais no País. Vim nos anos 1980 com um conjunto e, a partir de então, quase todos os anos estive no Brasil e pude conhecer e tocar com músicos maravilhosos”, disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.