O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira, 29, que o cumprimento da meta de déficit primário para este ano, de R$ 170,5 bilhões, exigirá um trabalho duro por parte do governo. Ele estava comentando sobre a situação das contas públicas quando Michel Temer assumiu o governo, já que existiam diversos pagamentos atrasados e despesas que não estavam no Orçamento.
“Uma medida fundamental que nós tomamos foi falar para a sociedade o tamanho real do déficit em 2016. É uma meta que, para ser cumprida, exige um controle difícil e muito duro”, comentou Meirelles, durante a premiação Estadão Empresas Mais, organizada pelo jornal O Estado de S. Paulo em conjunto com a Fundação Instituto de Administração (FIA).
Ele lembrou que nos últimos anos os gastos federais saíram de 10% para quase 20% do PIB. “Se continuássemos nesse ritmo, a tendência era subir para mais de 21%, com a dívida pública atingindo mais de 100% do PIB”, explicou.
Segundo o ministro, o momento é difícil, com o Brasil enfrentando a pior recessão de sua história, mas também gera uma janela de oportunidades. “É uma janela para promovermos as mudanças que queremos para o Brasil”. De acordo com Meirelles, uma dessas mudanças é a reforma da Previdência, sem a qual seria preciso aumentar a carga tributária em 10% do PIB para cobrir o déficit previsto em 2060.
PEC do teto
O ministro da Fazenda afirmou que as reuniões que tem realizado com parlamentares têm sido muito positivas e que vários partidos já fecharam questão em apoiar a PEC dos gastos, de número 241.
“Nós tivemos uma reunião segunda-feira com grande parte dos líderes partidários e o resultado foi bastante positivo, vários partidos fecharam questão na aprovação da PEC e é muito importante que essa mensagem seja levada para a sociedade”, comentou.
O ministro também disse que está muito confiante de que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso.
Juros
Meirelles, afirmou ainda que, com o reequilíbrio das contas públicas, a taxa estrutural de juros deve cair naturalmente no Brasil. “Nossa proposta é de que o Estado deixe de ser um grande absorvedor de poupança da economia, o que vai ajudar em uma redução estrutural da taxa de juros. Eu não estou aqui dizendo que o Banco Central deve ou vai reduzir a Selic, mas a taxa de juros estrutural, a chamada taxa neutra, que permite que o País fique estável e cresça sem inflação, tende a cair sim estruturalmente”, comentou.
O cuidado do ministro com o tema ocorre após ele supostamente ter dito para a Bloomberg, durante uma viagem a Nova York na semana passada, que a queda da Selic em dezembro é “altamente provável”. A declaração gerou um certo mal estar, já que o próprio Meirelles vinha dizendo que, quando estava no comando do BC, percebeu que ministro da Fazenda dando palpite sobre juros só atrapalha.