Metade dos brasileiros que atuavam como autônomos antes das medidas de isolamento social se viu obrigada a ficar sem trabalhar durante a quarentena adotada como forma de combate à pandemia do novo coronavírus. É o que mostra pesquisa feita pelo instituto QualiBest, que entrevistou cerca de 800 pessoas, entre o final de março e início de abril, por meio de uma plataforma digital.
Segundo o levantamento, 51% dos autônomos (os que atuam por conta própria, profissionais liberais ou donos de pequenos negócios) estão em isolamento e sem trabalhar, enquanto 36% continuam trabalhando mesmo isolados. Uma parcela de 9% segue saindo de casa para exercer suas atividades profissionais. Outros 4% estão em outras situações.
Os autônomos se tornaram uma das principais preocupações dos governantes, em especial das autoridades econômicas, quando a pandemia levou vários Estados a adotar medidas de isolamento social, na segunda quinzena de março, numa tentativa de conter o avanço dos vírus. Aqueles que precisam sair para trabalhar – como um vendedor ambulante, por exemplo – ficaram sem renda por causa da quarentena, não só porque tiveram de ficar em casa, mas também porque os clientes também estão isolados.
A principal resposta das autoridades, até o momento, foi a criação do auxílio emergencial. A medida, do governo federal, oferece R$ 600 mensais, durante três meses, para que essa parcela dos brasileiros, que está entre os mais vulneráveis economicamente, possa manter uma renda mínima durante o período mais agudo de isolamento social.
A pesquisa também ouviu aqueles que trabalham em empresas, com resultados mais equilibrados. A maior parte, 36%, está em regime de home office (teletrabalho), enquanto uma proporção um pouco menor, de 29%, continua saindo para trabalhar. Outros 25% estão em casa sem trabalhar. A menor parte, de 10%, está em outras situações, como em férias ou em algum tipo de licença.
<b>Quarentena</b>
Ainda segundo o levantamento, metade dos brasileiros (52%) defende que a quarentena dure o tempo indicado pelos profissionais de saúde. Outros 29% acreditam que as medidas de isolamento devem ser afrouxadas quando houver diminuição no número de casos. Uma parcela de 10% afirma que a quarentena deve durar até uma cura ser descoberta. Além disso, 4% acham que a quarentena não deveria ter começado, 3% defendem "outro momento" para o fim do isolamento e 2% acreditam que é melhor ouvir os economistas.
"Pelos números, a maioria das pessoas entendeu que é melhor ficar em casa neste momento de aumento da curva de infectados. Isso já se demonstrava nas primeiras pesquisas que fizemos, quando sete em cada dez brasileiros se diziam temerosos em ser ou ter alguém da família contaminado", diz Daniela Malouf, diretora geral do QualiBest.
"A aderência do discurso de ficar em casa e mesmo de alguns economistas, de que a economia é mais importante, é muito pequena entre a população. Isso reforça a confiança que ela escolheu depositar sobre os profissionais da saúde", afirma também.
Para fazer a pesquisa, o instituto envia questionários a uma base própria de 250 mil pessoas cadastradas. Antes, faz um filtro de quem vai participar da pesquisa, para que a amostra seja semelhante ao perfil da população brasileira.